Imperialismo no século XIX
por:
Prof. Ricardo Viana
O imperialismo ou neocolonialismo do século XIX se constituiu
como movimento de domínio, conquista e exploração política e econômica das nações industrializadas
europeias (Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica e Holanda) sobre os
continentes africano e asiático.
A partir do final do século XIX (fim
de 1800), em plena expansão do capitalismo, as potências industriais do mundo
enfrentavam barreiras comerciais que limitavam a venda de produtos
industrializados, dificultando novos investimentos.
A solução encontrada foi conquistar
novas regiões e novos mercados. Assim poderiam ter acesso a matéria-prima, a
mão de obra barata e ampliar o mercado consumidor.
Neocolonialismo
Diferente do colonialismo praticado a
partir do século XVI, no neocolonialismo, o povoamento não era importante,
prevalecia os domínios territoriais e econômicos. O domínio territorial era
feito por meio de intervenção militar. Já o domínio econômico era realizado
pela interferência na vida econômica, com a imposição de tratados e acordos
favoráveis aos “conquistadores”
Conferência de Berlim
Realizada em 1885, reuniu
representantes de 13 países da Europa, além dos EUA, Rússia, Turquia e Japão.
Esses países definiram como seria feita a “partilha” dos territórios da África
e da Ásia.
A “partilha” da África e da Ásia se deu
fundamentalmente no século XIX (pelos europeus), mas, continuou durante o
século XX. Os Estados Unidos e o Japão ascenderam industrialmente e exerceram
sua influência imperialista na América e na Ásia, respectivamente.
A “corrida” com fins de “partilha” da
África e da Ásia, realizada pelas potências imperialistas, aconteceu por três principais
objetivos: 1º) a busca por mercados consumidores (para os produtos
industrializados); 2º) a exploração de matéria-prima (para produção de
mercadorias nas indústrias); 3º) a exploração de mão de obra barata.
Mas como as potências imperialistas
legitimaram o domínio, a conquista, a submissão e a exploração de dois
continentes inteiros?
Missão Civilizatória
Uma das principais justificativas
para o neocolonialismo era a difusão do progresso pelo mundo, que deveria ser
um dever das grandes potências. Essa era a “Missão Civilizatória”.
Haviam três justificativas básicas:
1º) A “Raça Branca” era superior a ao
“Negro”;
2º) A Fé religiosa tinha que ser o
cristianismo;
3º) O desenvolvimento científico
alcançado a partir da Revolução Industrial.
A principal hipótese para a
legitimação da “Missão Civilizatória” foi a utilização ideológica de teorias raciais europeias provenientes
do século XIX. As que mais se destacaram foram o evolucionismo social e o darwinismo social.
O evolucionismo social
classificava as sociedades em três etapas evolutivas: 1ª) bárbara; 2ª)
primitiva; 3ª) civilizada. Os europeus se consideravam integrantes da 3ª etapa
(civilizada) e classificavam os asiáticos como primitivos e os africanos como
bárbaros.
O darwinismo social se
caracterizou como outra teoria que legitimou o discurso ideológico europeu para
dominar outros continentes. O darwinismo social compactuava com a ideia de que
a teoria da evolução das espécies (Darwin) poderia ser aplicada à sociedade.
Tal teoria difundia o propósito de que na luta pela vida somente as nações e as
raças mais fortes e capazes sobreviveriam.
A partir de então, os europeus
difundiram a ideia de que o imperialismo, ou neocolonialismo, seria uma missão
civilizatória de uma raça superior branca europeia que levaria a civilização
(tecnologia, formas de governo, religião cristã, ciência) para outros lugares.
Segundo o discurso ideológico dessas
teorias raciais, o europeu era o modelo ideal/ padrão de sociedade, no qual as
outras sociedades deveriam se espelhar. Para a África e a Ásia conseguirem
evoluir suas sociedades para a etapa civilizatória, seria imprescindível ter o
contato com a civilização europeia.
Hoje sabemos que o evolucionismo
social e o darwinismo social não possuem nenhum embasamento ou legitimidade
científica, mas no contexto histórico do século XIX foram ativamente utilizados
para legitimar o imperialismo, ou seja, a submissão, o domínio e a exploração de
continentes inteiros.