“A DOMINAÇÃO RELIGIOSA”
A questão do poder sempre levou o homem, na sua relação com o outro, a duas vertentes, os que oprimem e os que são oprimidos.
Existem várias formas de poder, tais como: mídia, palavra, governo e etc. A reflexão a seguir tem como objetivo tratar a questão do poder e influência das religiões, sobretudo a católica.
Podemos dizer que a historia da humanidade iniciou-se a partir do momento que o homem percebe-se como indivíduo. Ainda na caverna, ele inicia a narrativa de si mesmo com as pinturas rupestres descrevendo seu dia-a-dia e suas descobertas.
Um dos pontos que chama a atenção desde esse período é a relação do homem com o Sagrado, com aquilo ou aquele que ele entende como “criador”. As indagações sobre a vida e a morte e as descobertas do mundo reforçam cada vez mais os vínculos do homem com esse mundo chamado “espiritual”.
Desde que há integração entre os homens e o convívio em sociedade, as relações de poder são estabelecidas; há sempre o líder (opressor) que, em sua maioria utiliza da força como forma de dominação e o oprimido, àquele que recebe a ação do poder vinda do outro. No entanto, como o imaginário espiritual populou as mentes humanas, em alguns momentos e em algumas sociedades, o líder era àquele que se ligava diretamente à Deus ou aos Deuses.
Essa dominação pelo poder espiritual é claramente percebida nos povos antigos e perdura ainda nos dias de hoje. Nos povos Hebreus, Egípcios e Hindus, os lideres espirituais tomavam decisões coletivas baseada nas orientações dos Deuses, seja para agricultura, ou para a Guerra.
As sociedades foram mudando na medida em que se relacionavam, seja no comércio ou pelas guerras, mas o poder religioso foi se fortalecendo cada vez mais, de forma mais organizada com características de instituição.
Quando procuramos falar de instituição religiosa, constituída e detentora do poder, lembramos imediatamente da Igreja Católica, sobretudo na Idade Média, período da Inquisição. O importante de analisarmos essa questão é percebermos o quanto a igreja dominava o mundo daquela época.
O catolicismo como predominância mundial se fortalece a medida que aumenta as suas posses, mas acima disso, quando se percebe detentora de algo muito valioso, o conhecimento. Como bem definiu Michel Foucault, o poder é produto do saber e vice-versa. A igreja, detentora do conhecimento e do saber, domina os homens que por serem leigos dão aval a ela, ou seja, entregam suas vidas e decisões a uma instituição acreditando estarem entregando-as diretamente à Deus. Acabam por investir a igreja de poder.
Com o passar do tempo a igreja vai diminuindo o controle dessas relações de poder que antes vinham diretamente do Papa (do centro para a periferia, o Macro-Poder), adquirindo uma característica mais individual entre os padres e os fieis (Micro-Poder).
Hoje com a globalização e as novas tecnologias como a internet, o conhecimento ficou mais acessível e isso trás novos conceitos sobre vida e religião. A religião (não mais centradas exclusivamente no catolicismo) não possuem mais tanta força, principalmente na política (Macro-Poder), mas elas ainda são as detentoras do saber espiritual e ainda influenciam boa parte das decisões humanas, tais como: aborto, sexo, natalidade e em alguns casos, particularmente no Brasil, chegando ao ponto de ditarem em quem os fiéis têm que votar nas eleições.
Conclusão
As instituições religiosas sempre foram detentoras do poder (saber gerador de poder), tanto no macro, como no micro em relação à sociedade.
A descentralização do poder destas instituições é necessária para uma emancipação de conceitos e idéias que podem levar o ser humano a um avanço significativo de seu modo de conduzir as coisas de sua vida.
Para tanto, é necessária uma nova consciência sobre os conceitos que envolvem a percepção da continuidade da vida e a autonomia da comunicação com Deus. A abertura para novas idéias religiosas com análises mais críticas e imparciais, por intermédio de leituras e integrações religiosas, torna-se uma saída para um conceito mais ecumênico sobre o assunto.
É claro que o homem desde que se percebeu a si mesmo como indivíduo fez e faz o uso do poder; e como esse poder praticamente nasceu juntamente com o homem, sempre haverá aquele que domina e aquele que será dominado.
Bibliografia:
Texto elaborado a partir do conhecimento em leituras, palestras, conversas e convívio dos integrantes da dupla nos meios religiosos;
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