terça-feira, 22 de maio de 2012

Salário de professor é 59% ao de outras áreas

Salário de professor é 59% ao de outras áreas

Diferença salarial do profissional da rede estadual chega a 182% se comparada a um engenheiro civil Rodrigo Machado

rodrigo.machado@diariosp.com.br


Estudos realizados com base no Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que a média salarial dos professores da educação básica no Brasil equivale hoje a 59% da de outros profissionais com nível superior como  engenheiro civil e médico, que são os melhores remunerados, segundo o ranking. Há 10 anos a diferença era de 49%.

Em São Paulo, o abismo do vencimento salarial do profissional da rede estadual chega a 182%, se comparado ao de um engenheiro civil (R$ 5.620). Para o professor da Prefeitura, a diferença cai para 116%.

Apesar do avanço, o censo revela que as carreiras que levam ao magistério seguem sendo as de pior desempenho. Pagar melhor aos professores, no entanto, é uma política que, além de cara, tende a trazer retorno apenas a longo prazo em termos de qualidade, segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Roberto Franklin de Leão. Ele afirma  que a baixa atratividade é reflexo da falta de investimento, plano de carreira e incentivos para atrair novos profissionais. “O salário é fundamental, mas não o suficiente para melhorar a qualidade do ensino”, argumenta.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) elevou o salário-base da categoria para R$ 1.988,33, valor superior ao piso nacional atual (R$ 1.451) para 40 horas/aula semanais. Segundo a Secretaria de Estado da Educação, um  plano de carreira está sendo desenvolvido para mudar o atual cenário. Na rede municipal, o piso inicial de um professor (também  40 horas) era de R$ 1.215 em 2005. Hoje é de R$ 2.600. Segundo a Secretaria de Educação, os servidores contam com um plano de carreira por tempo e títulos (especialização).

Os professores do Distrito Federal recebem os maiores salários da categoria, pois o governo federal banca parte dos gastos na área. “O que falta é incentivo de todas as formas em São Paulo”, afirma Claudio Fonseca, presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de SP.

A presidente da Apeoesp  (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Maria Iszabel Azevedo Noronha, não foi encontrada até as 21h desta segunda-feira para comentar os dados.
No outro extremo/ O estudo aponta ainda que nenhuma outra área é tão vantajosa, em termos financeiros, quanto a medicina. Os médicos têm os maiores salários e a menor taxa de desemprego entre profissionais com nível superior. A média salarial é de R$ 7.150.

Apesar de algumas carreiras terem renda e desemprego maiores do que outras, as taxas são sempre melhores do que as da população sem diploma universitário. Para o professor da FGV, Kaizô Beltrão, existem também atividades em que há pessoas com diplomas de nível superior atuando em profissões que requerem do trabalhador  só o nível médio.

Plano de carreira e baixo salário são velhos problemas

Os baixos salários e a falta de plano de carreira eficiente não são novidades para os profissionais da educação básica e fundamental  de São Paulo, mas também de outras regiões do país.

O professor Carlos Alberto Pires, dá aula na rede estadual há sete anos, mas aos poucos migra para outra área de atuação.

“Essa é uma realidade que atormenta meu dia a dia. Eu dou aula em uma escola na Rodovia Raposo Tavares e levo bastante tempo para chegar. O  jeito foi pedir para reduzir as minhas aulas para eu possa me dedicar a outra atividade”, disse ele, que ganha cerca de R$ 9,12 por aula dada de biologia.

Para a professora Claudina Noronha, de uma escola na Vila Sônia, na Zona Oeste de São Paulo, a falta de uma boa remuneração faz com que a qualidade das aulas fiquem comprometidas. “Eu acho que a realidade tem de mudar o mais urgente possível”, desabafa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário