quarta-feira, 18 de julho de 2012

SOBRE A GREVE DAS FEDERAIS - PEDIDO DE APOIO

 "Transmito abaixo e-mail recebido da Professora Ana de Pellegrin da Universidade Federal de Goais, esclarecendo sobre o que está sendo divulgado na mídia sobre a greve das Universidades Federais."


Date: Sun, 15 Jul 2012 22:42:38 -0300
From: adpellegrin@uol.com.br
To: grupo_paideia-l@listas.unicamp.br
CC: br_histedbr@grupos.com.br
Subject: Re: [Paideia] Sobre a greve nas federais - pedido de apoio

caros e caras colegas dos grupos paidéia e histedbr,

muitos de nós fomos formados por estes dois grupos de pesquisa, nos titulamos e prestamos concursos públicos. realizamos o sonho de entrar em uma universidade pública como professores. no momento, enfrentamos uma greve longa e vigorosa, um movimento que abarca quase 100% dos servidores docentes e técnico-administrativos das universidades e institutos federais.

esta mensagem é um pedido de apoio para uma deliberada campanha de "contrainformação". não temos como enfrentar no mesmo nível as emissoras de tv, rádio, os semanários impressos tais como a revista veja e outros. agora, mais que nunca, precisamos que as pessoas saibam o que se passa. é preciso que as pessoas saibam, por exemplo, que não houve precipitação dos professores ao entrarem em greve, uma vez que prazos e acordos foram sucessivamente descumpridos pelo governo. precisamos explicar que o governo não nos concedeu 45% de aumento salarial. precisamos explicar porque a lógica da proposta do governo que deu origem ao movimento grevista é perversa e, no limite, jogará os professores uns contra os outros no dia a dia acadêmico (muito mais que já o fazem as agências de fomento). como emblema desta trágica situação, sugiro a todos que assistam ou reassistam o filme "o corte" (costa gavras). imaginemos o absurdo da cena: professores se matando por uma vaga de titular ou por um edital de financiamento.

voltando ao pedido de apoio, apresento de forma muito resumida as novidades da última semana: 

após o descumprimento de um acordo anteriormente firmado, após o cancelamento de reuniões de negociação por parte do governo, após as tentativas de conversa por parte dos docentes e técnico-administrativos e após as pressões do movimento grevista que não se curvou num período desfavorável como é o mês de julho, finalmente o governo apresentou uma "proposta".

"proposta" vai entre aspas porque é importante que todos saibam como isso se deu. na reunião do último dia 13, em que estiveram presentes representantes do CNG/andes, proifes e sinasefe e representantes do governo (sérgio mendonça, amaro lins, dulce tristão, entre outros), o que o governo trouxe à mesa foram tabelas de remuneração, relativas aos docentes na ativa, tanto da carreira de magistério superior, quanto de educação básica e tecnológica. não havia nenhum documento por escrito, contendo uma proposta, como anunciado. diante da solicitação dos representantes dos trabalhadores, a reunião foi interrompida por 20 minutos e os representantes do governo voltaram com a "proposta" por escrito.

estamos agora em um momento bastante delicado, analisando a "proposta" que configura-se como um apressado rascunho, repleto de armadilhas e imprecisões. para que tenham uma ideia, são inúmeras as passagens em que se lê "a partir de normas a serem expedidas pelo MEC", "a partir de diretrizes a serem estabelecidaspelo MEC"... ou seja, normas e diretrizes que não sabemos quando, como e a partir de quais critérios serão formuladas.  

no entanto, há coisas bastante claras, tal como o percentual de vagas destinado a professores titulares (20%), aqueles que de fato poderão chegar ao topo da carreira e talvez receber o aumento de 45% que vem sendo veiculado pela mídia. um outro dado bastante preciso a destacar é o aumento da carga horária mínima em sala de aula para 12 horas (que fere a própria LDB). por fim, a "proposta" nada diz sobre os servidores aposentados.

o documento ainda faz referência a um "certificado de conhecimento tecnológico" a ser emitido por um suposto conselho permanente de certificação, que representaria um recurso para que os professores ebtt pudessem acelerar a progressão na carreira.

registre-se também o fato de que o governo não apresentou nada na mesa para os servidores técnico-administrativos e não concordou com a solicitação feita pelo sinasefe para que um representante da fasubra participasse da reunião como observador.

como mencionei, estamos em momento de avaliação (em todos os coletivos de docentes do país) e de formulação de contrapropostas. mas não podemos descuidar do que entendemos como "contrainformação". estamos atuando localmente neste sentido, mas também tentando o maior alcance possível via listas de e-mails de grupos, redes sociais etc.

para obter informação sobre o histórico e a origem da greve, sugiro a "visita" ao blog do comando local de greve da ufg e a leitura do comunicado 10:
http://www.greveufg.blogspot.com.br/

anexo ainda a "proposta" do governo em pdf para quem tiver curiosidade.

em tempo: lembro que os representantes do MEC já deixaram bastante claro, nas conversações, que "concordam com muita coisa que os docentes reivindicam", mas que não é o MEC que dá a palavra final. a decisão é do MPOG ou da "alta cúpula do governo". serão aceitos apenas pequenos ajustes. há uma crise internacional em curso.

abraços esperançosos,

Ana de Pellegrin
professora da universidade federal de goiás
(formada pelo programa de pós-graduação da FE)

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