"Transmito abaixo e-mail recebido da Professora Ana de Pellegrin da Universidade Federal de Goais, esclarecendo sobre o que está sendo divulgado na mídia sobre a greve das Universidades Federais."
Date: Sun, 15 Jul 2012 22:42:38 -0300
From: adpellegrin@uol.com.br
To: grupo_paideia-l@listas.unicamp.br
CC:
br_histedbr@grupos.com.br
Subject:
Re: [Paideia] Sobre a greve nas federais - pedido de apoio
caros e caras
colegas dos grupos paidéia e histedbr,
muitos de nós fomos formados por
estes dois grupos de pesquisa, nos titulamos e prestamos concursos públicos.
realizamos o sonho de entrar em uma universidade pública como professores. no
momento, enfrentamos uma greve longa e vigorosa, um movimento que abarca quase
100% dos servidores docentes e técnico-administrativos das universidades e
institutos federais.
esta mensagem é um pedido de apoio para uma
deliberada campanha de "contrainformação". não temos como enfrentar no mesmo
nível as emissoras de tv, rádio, os semanários impressos tais como a revista
veja e outros. agora, mais que nunca, precisamos que as pessoas saibam o que se
passa. é preciso que as pessoas saibam, por exemplo, que não houve precipitação
dos professores ao entrarem em greve, uma vez que prazos e acordos foram
sucessivamente descumpridos pelo governo. precisamos explicar que o governo não
nos concedeu 45% de aumento salarial. precisamos explicar porque a lógica da
proposta do governo que deu origem ao movimento grevista é perversa e, no
limite, jogará os professores uns contra os outros no dia a dia acadêmico (muito
mais que já o fazem as agências de fomento). como emblema desta trágica
situação, sugiro a todos que assistam ou reassistam o filme "o corte" (costa
gavras). imaginemos o absurdo da cena: professores se matando por uma vaga de
titular ou por um edital de financiamento.
voltando ao pedido de apoio,
apresento de forma muito resumida as novidades da última semana:
após o
descumprimento de um acordo anteriormente firmado, após o cancelamento de
reuniões de negociação por parte do governo, após as tentativas de conversa por
parte dos docentes e técnico-administrativos e após as pressões do movimento
grevista que não se curvou num período desfavorável como é o mês de julho,
finalmente o governo apresentou uma "proposta".
"proposta" vai entre
aspas porque é importante que todos saibam como isso se deu. na reunião do
último dia 13, em que estiveram presentes representantes do CNG/andes, proifes e
sinasefe e representantes do governo (sérgio mendonça, amaro lins, dulce
tristão, entre outros), o que o governo trouxe à mesa foram tabelas de
remuneração, relativas aos docentes na ativa, tanto da carreira de magistério
superior, quanto de educação básica e tecnológica. não havia nenhum documento
por escrito, contendo uma proposta, como anunciado. diante da solicitação dos
representantes dos trabalhadores, a reunião foi interrompida por 20 minutos e os
representantes do governo voltaram com a "proposta" por escrito.
estamos
agora em um momento bastante delicado, analisando a "proposta" que configura-se
como um apressado rascunho, repleto de armadilhas e imprecisões. para que tenham
uma ideia, são inúmeras as passagens em que se lê "a partir de normas a serem
expedidas pelo MEC", "a partir de diretrizes a serem estabelecidaspelo MEC"...
ou seja, normas e diretrizes que não sabemos quando, como e a partir de quais
critérios serão formuladas.
no entanto, há coisas bastante claras, tal
como o percentual de vagas destinado a professores titulares (20%), aqueles que
de fato poderão chegar ao topo da carreira e talvez receber o aumento de 45% que
vem sendo veiculado pela mídia. um outro dado bastante preciso a destacar é o
aumento da carga horária mínima em sala de aula para 12 horas (que fere a
própria LDB). por fim, a "proposta" nada diz sobre os servidores
aposentados.
o documento ainda faz referência a um "certificado de
conhecimento tecnológico" a ser emitido por um suposto conselho permanente de
certificação, que representaria um recurso para que os professores ebtt pudessem
acelerar a progressão na carreira.
registre-se também o fato de que o
governo não apresentou nada na mesa para os servidores técnico-administrativos e
não concordou com a solicitação feita pelo sinasefe para que um representante da
fasubra participasse da reunião como observador.
como mencionei, estamos
em momento de avaliação (em todos os coletivos de docentes do país) e de
formulação de contrapropostas. mas não podemos descuidar do que entendemos como
"contrainformação". estamos atuando localmente neste sentido, mas também
tentando o maior alcance possível via listas de e-mails de grupos, redes sociais
etc.
para obter informação sobre o histórico e a origem da greve, sugiro
a "visita" ao blog do comando local de greve da ufg e a leitura do comunicado
10:
http://www.greveufg.blogspot.com.br/
anexo ainda a
"proposta" do governo em pdf para quem tiver curiosidade.
em tempo:
lembro que os representantes do MEC já deixaram bastante claro, nas
conversações, que "concordam com muita coisa que os docentes reivindicam", mas
que não é o MEC que dá a palavra final. a decisão é do MPOG ou da "alta cúpula
do governo". serão aceitos apenas pequenos ajustes. há uma crise internacional
em curso.
abraços esperançosos,
Ana de Pellegrin
professora da
universidade federal de goiás
(formada pelo programa de pós-graduação da
FE)
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