terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Escola e o tempo

Autor: Ricardo Viana

              O tempo sempre foi ao longo da história objeto de fascínio humano, transformando-se e adaptando-se as necessidades de cada época. Na antiguidade o tempo era o tempo rural, diretamente ligado à natureza regulava os fazeres diários conforme o sol nascia, em algumas sociedades era associado aos deuses e tinha suas características próprias. Na modernidade e na contemporaneidade, o tempo passou a regular de forma mais cruel o homem, principalmente após a revolução industrial em que o tempo passou a ser medido mecanicamente através do relógio e depois com o meio de produção conhecido como “fordismo“.

            Esse modelo de tempo cronológico dominador e implacável é o tempo que conhecemos hoje, é ele que nos direciona e nos conduz todos os dias ao acordarmos do descanso necessário. Hoje temos necessidades e objetivos diversos e diferentes das épocas antigas, mas continuamos (talvez até mais que antes) presos ao tempo, principalmente dos afazeres externos.

            A escola como ambiente inserido nesse modelo tem o tempo cronológico como um amigo e ao mesmo tempo um inimigo na sua função máxima de formar cidadãos. Inimigo, quando fica preso a burocracias sem reflexões, relatórios estafantes, grade curricular desconexa com o tempo do aluno, disciplinas fragmentadas sem ligação entre si e portanto, sem sentido real. E amiga, quando utiliza deste mesmo tempo para disciplinar, representar e apresentar o mundo aos alunos, com todas as suas demandas de obrigações e compromissos que o mundo “globalizado” assim exige.

            No entanto, só essa representação e apresentação do mundo não é suficiente para a formação integral do aluno, é necessário fazê-lo perceber a dimensão e importância que esse tempo tem para a sociedade e suas conseqüências no seu dia a dia, é importante também a exemplificação do tempo vivido, sentido e intensificado pelas relações de companheirismo, fraternidade, respeito e da intensidade dos atos e atitudes, que conduzem a um aprendizado medido e avaliado dentro de processos históricos da vida de cada um deles.

            Fazer isso acontecer não é fácil, temos algumas formulas que se bem utilizadas podem aproximar-se destes objetivos que são: os eixos temáticos, projetos interdisciplinares, a transdisciplinaridade, a utilização de novas tecnologias e a administração mais eficaz do tempo das atividades e trabalhos desenvolvidos dentro da sala de aula.  

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Reflexões sobre a Escola, o Professor e o Ensino de hoje - Parte 2


Por Ricardo Viana

A sociedade atual vem passando por transformações cada vez mais rápidas e significativas em diversos segmentos. Se antes havia uma espécie de "equilíbrio", hoje o aparente "caus" tomou proporções assustadoras. Mas é importante considerar que o "caus" aparente é na verdade reflexo dessas mudanças demandadas pela própria dinâmica social pautada nos avanços tecnológicos, na globalização e no consumismo exagerado que produz a ilusão da necessidade irreal.

Essas mudanças ocorreram (e ainda ocorrem), como já ditas, nos vários segmentos da sociedade e a escola, como um dos mais significativos produtor e mantenedor de cultura e conhecimento, não pode permanecer à parte destas mudanças, é prioritário que o professor no século XXI mantenha-se conectado, antenado mesmo, com todos os processos transformadores que impactam de forma significativa o seu dia a dia, o seu fazer pedagógico.

As famílias não são e não se comportam mais como antigamente, portanto os valores são outros. As tecnologias trouxeram um mundo mais atrativo, mais colorido e ilusório, onde num apertar de teclas se desvelam um mundo inteiro a seu dispor, ou pelo menos na frente do seu monitor. As relações com a escrita virtual e os diálogos cibernéticos, tornaram os alunos mais dinâmicos, impulsivos, impacientes e avessos as regras. É importante que o professor acompanhe essa nova juventude, interaja com eles, aprenda sua linguagem, se atualize se renove e inove na sala de aula. Os alunos atuais não querem mais aquela escola do século XVIII que alguns professores insistem em querer manter com unhas e dentes. É imperativo ao professor de hoje dominar a informática e procurar meios mais atrativos de transmitir o conteúdo da sua disciplina, utilizando-se de aulas virtuais, filmes, aulas ao ar livre, visitas em museus (físicos e virtuais), musicas, literatura, danças e etc.

É evidente que todo o exposto acima deve respaldar-se nas orientações curriculares, no projeto político da escola, nos contratos didáticos com os alunos e também em parceria com familiares destes.  

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Reflexões sobre a Escola, o Professor e o Ensino de hoje - Parte 1

Caros amigos, estou fazendo o curso de formação do Estado de São Paulo e aproveitando o curto tempo que tenho disponível estou compartilhando os textos das questões dissertativas de minha autoria. 

Grande Abraço

Ricardo Viana

Reflexões sobre a Escola, o Professor e o Ensino de hoje - Parte 1

Vivemos em um mundo de constantes mudanças. A cada dia que passa as relações humanas tomam novas formas e necessidades, sejam sociais, culturais, tecnológicas ou políticas. Tais situações levam o homem à busca de adaptações e modificações na própria sociedade em que se vive. A família tradicional, tal como a conhecíamos, não existe mais, conceitos e valores foram modificados, avanços tecnológicos mudaram as relações de trabalho exigindo produzindo exigências cada vez maiores e o aumento populacional modificou também as relações inter-sociais, criando ambientes cada vez mais fechados no âmbito familiar. Ao mesmo tempo observamos um mundo cada vez mais globalizado, com mais conforto, facilidades antes inimagináveis.

A escola como local não só de aprendizagem, mas também de produtor de conhecimento e cultura, tem hoje a importância de promover competências aproximando o aluno da sua realidade, capacitando-o a agir, pensar e atuar sobre o mundo, interagindo percebendo e compreendendo a sociedade contemporânea com suas diversidades sociais e culturais.

Para tal a escola tem que ser mais democrática, articular seu currículo de forma a buscar aprendizagem de qualidade, acessível a todos, diversa no tratamento de cada um e unitária nos resultados.

É primordial na contemporaneidade que a escola promova competências para que o aluno enfrente os atuais desafios sociais, culturais e profissionais.
 

sábado, 20 de agosto de 2011

Em SP, escolas optam por valorizar história em aulas de religião


  Fonte: terra.com.br

19 de agosto de 2011 10h14


Quinta-feira, às 16h40, é hora da aula de ensino religioso em uma das quatro turmas do 9º ano da Escola Estadual Doutor Alberto Cardoso de Mello Neto, na região norte da capital paulista. A escola é uma das poucas do estado que oferecem a disciplina aos seus alunos do último ano do ensino fundamental.

A professora Miriam de Oliveira é a responsável pela aula. Historiadora e psicóloga, ela trabalha no colégio há oito anos. Há três, dá aulas do que prefere chamar de "história das religiões". Na primeira quinta-feira do mês de agosto (4), Miriam falou para cerca de 30 alunos sobre o cristianismo.

"Por volta do ano 300, o Império Romano adotou o cristianismo como sua religião oficial", explicou aos alunos. "A partir daí, a religião se espalhou por outros cantos do mundo e acabou chegando ao Brasil, com os jesuítas. Hoje, quase todo mundo é cristão aqui no nosso país."

O foco na história foi a solução encontrada por São Paulo para que as lições de ensino religioso constassem dos currículos da rede pública sem privilegiar qualquer crença, conforme determina a Constituição Federal. Apesar de só os alunos do 9o ano terem aulas específicas sobre religião - isso quando há demanda dos pais -, todas as escolas estaduais trabalham o conteúdo de forma transversal, em outras disciplinas. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, prevalece o aspecto histórico.

Uma lei estadual e uma resolução do Conselho Estadual de Educação de 2001 normatizaram o ensino religioso no estado. Elas garantiram o espaço para a disciplina nas escolas estaduais, mas também estabeleceram exigências na formação dos professores responsáveis pelas aulas e prioridade para a correlação do ensino sobre religião com a educação regular.

"Foi bom criar regras", disse a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, que defendeu a adoção do modelo em reuniões com representantes do governo. "Sou favorável ao fortalecimento da formação humana, com conteúdo sobre história da religião, para que o aluno compreenda as diferenças entre as crenças", justifica.

Essa fórmula, porém, não é unanimidade entre os educadores. Na opinião da coordenadora do programa de pós-graduação da Universidade Metodista e professora da Universidade de São Paulo (USP), Roseli Fischmann, o ensino religioso transversal delega responsabilidade demais aos docentes e expõe os alunos da rede pública a possíveis transgressões à Constituição.

"A Constituição diz que o Estado não pode defender nem discriminar crença nenhuma. Contudo, o professor, que representa o Estado na escola, é um ser humano", pondera Roseli. "O ser humano tende, naturalmente, a defender sua crença."

Para ela, o ensino religioso é um "risco que poderia ser evitado". A professora acredita que os conceitos sobre diversidade e respeito, que são abordados nas aulas, poderiam ser repassados aos alunos em outras disciplinas que não a específica de religião.

Cecília Regina Bigatão, diretora da Escola Doutor Alberto Cardoso, discorda. Há mais de 20 anos à frente da escola, ela diz que é perceptível a diferença no comportamento dos alunos que já passaram pelas aulas de ensino religioso. "O que é a amizade, amor, está mais claro para eles."

A diretora reconhece que é preciso ter atenção redobrada com o ensino religioso para que todas as crenças sejam respeitadas. Ela garante que esses cuidados são tomados na escola que dirige e, por isso, os resultados são muitos bons.

"Nunca tivemos uma reclamação de um pai sobre o conteúdo das aulas", conta. "Não impomos nada às crianças. Todas são livres para ter sua religião". Na antessala da diretoria, há um altar. Em cima dele, fica uma Bíblia aberta.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

19 de agosto é o Dia do Historiador

PARABÉNS A TODOS OS COMPANHEIROS DE JORNADA!!!!

André Wagner Rodrigues no programa TODO SEU da TV GAZETA

quinta-feira, 18 de agosto de 2011


ENTREVISTA NO DIA DO HISTORIADOR (19/08) - GRÉCIA ANTIGA: PSÍSTRATO com André Wagner Rodrigues

Será entrevistado amanhã (sexta-feira dia 19/08/2011 por volta das 22:30 hrs.) o historiador e professor André Wagner Rodrigues no programa TODO SEU da TV GAZETA. o apresentador do programa RONNIE VON, irá iniciar uma nova série em seu programa, chamada "TIRANOS"... E o prof. André foi convidado para estrear a série para falar de um dos mais importantes tiranos da Grécia Antiga: "Psístrato"


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

POSITIVISMO, MARXISMO E ESCOLA DOS ANNALES: Qual é a diferença?

Ótima dissertação desse excelente professor que tive a honra de ser seu aluno.


por André Wagner Rodrigues - professor de História Antiga, Medieval e Metodologia do Ensino de História da UNIBAN.


Originalmente Postado em: http://ensinodehistoriaemperspectiva.blogspot.com:



Conteúdos Históricos e tendências historiográficas - extraído da dissertação de mestrado de ANDRÉ WAGNER RODRIGUES intitulada: "Um olhar complexo sobre o passado: história, historiografia e ensino de História no pensamento de Edgar Morin.



Atualmente, uma das maiores dificuldades dos professores de História é selecionar os conteúdos históricos apropriados para as diferentes situações escolares. Trata-se de optar por manter os denominados conteúdos tradicionais ou selecionar conteúdos significativos para um publico escolar proveniente de diferentes condições sociais e culturais e adequa-los a situações de trabalho com métodos e recursos diversos.


Há propostas que oferecem uma seleção considerada de “conteúdo tradicional”, baseada nos circulos concêntricos. Outras propostas curriculares apresentam conteúdos organizados por eixos temáticos ou temas geradores, e exigem que se estabeleçam critérios de seleção mais complexos.

A escolha de conteúdos apresenta-se como tarefa complexa, permeada de contradições tanto por parte dos elaboradores das propostas curriculares quanto pela atuação dos professores, desejosos de mudanças e ao mesmo tempo resistentes a esse processo. Ponto básico para o estabelecimento de um critério para a seleção de conteúdos é a concepção de história. Dela depende a produção dos historiadores, e o conhecimento histórico é produzido de maneira que torne os acontecimentos inteligíveis de acordo com determinados princípios e conceitos. Situar os referenciais teóricos no processo de seleção de conteúdos é uma necessidade para o trabalho docente que se realiza na escola.



Definição da expressão Historiografia

Segundo a historiadora francesa Marie-Caire Jabinet, este vocábulo possui diversas acepções. Tendo surgido no século XIX, em imitação aos historiadores poloneses e alemães, ela significa, conforme os casos: a arte de escrever a história, a literatura histórica ou, ainda, a história literária dos livros de História. Pode também, conforme o contexto, referir-se às obras históricas de uma época, às obras dos séculos posteriores sobre essa época ou ainda à reflexão dos historiadores sobre essa escrita da história. (JABINET, 2003, p. 16)



HISTÓRIA POSITIVISTA



A história pode ser concebida como uma narrativa de fatos passados. Conhecer o passado dos homens é, por princípio, uma definição de história, e aos historiadores cabe recolher, por intermédio de uma variedade de documentos, os fatos mais importantes, ordená-los cronologicamente e narrá-los. Essa tendência passou a ser dominada de historicismo, cuja metodologia foi conhecida como positivista, por basear-se nos princípios da objetividade e da neutralidade no trabalho do historiador. Conhecer o passado da humanidade tal como ocorreu constitui uma definição de história característica da ciência positivista do século XIX.

Os historiadores dessa corrente de pensamento baseavam suas análises em perspectivas deterministas, isto é, ressaltavam, por intermédio de uma variedade de documentos oficiais escritos, os fatos mais importantes; ordenavam-nos seguindo uma ordem cronológica e linear de apreensão do tempo e descreviam-nos com a perspectiva de reviver o passado real da humanidade. Por isso, receberam o estigma de “metódicos” ou “historiadores narrativos”, pelos historiadores do século XX. A intenção dos historiadores positivistas era ressaltar a importância dos grandes heróis nacionais, assim como, evidenciar no Estado Nacional em consolidação, o verdadeiro sujeito das transformações em curso. Além disso, enaltecer o auge da civilização européia em ritmo acelerado de desenvolvimento após as novas tecnologias advindas da Segunda Revolução Industrial.

Nota-se uma preocupação com assuntos de ordem política e social, porém resgatando uma sociedade “abstrata”, pois se centralizava na figura dos grandes líderes nacionais, estes sim, responsáveis pelas transformações estruturais de sua Nação. Os diversos grupos sociais estavam esquecidos, ou “à margem” do desenrolar histórico.

Leopold Von Ranke (1795-1886)

Esse historiador alemão, “pode ser considerado um dos fundadores da história científica na Alemanha e um dos fundadores do cientificismo” (BURGUIÉRE, 1993, p. 645). Ranke exerceu um papel importante na configuração dos aportes teóricos que possibilitaram fornecer um caráter científico à História. O historicismo ou História Narrativa é o nome dado à Teoria que pretende apresentar “os fatos históricos tal qual realmente se passaram” (wie es eigentlich gewesen) (RANKE apud LÖWY, 2007, p. 68). Sua metodologia (o positivismo) tem como princípio a objetividade e neutralidade por parte dos historiadores ao “reviver” a História.

 
 
De uma história econômica a uma história social


No decorrer do século XX, a produção historiográfica passou a disputar espaço com as novas ciências sociais que se constituíam na busca da compreensão da sociedade, especialmente a Sociologia, a Antropologia e a Economia. Como conseqüência dessa disputa houve uma renovação na produção historiográfica com paradigmas que visavam ultrapassar o historicismo.



A História marxista

A Filosofia marxista configurou, de fato, um novo enfoque teórico de análise da História. Enquanto os historiadores positivistas baseavam seus estudos na “genealogia da Nação Moderna”, por intermédio dos documentos oficiais escritos, compondo uma história das elites políticas, “reacionária” do ponto de vista teórico, Marx afirmava ser a Luta de classes o verdadeiro fundamento de uma História em movimento. Para Marx, o “trabalho” (categoria fundante de sua filosofia), entendido como as múltiplas relações entre os homens e a natureza, relação esta que ocorre como condição material da vida em sociedade, representa o estágio ou modelo de produção de organização social e econômica de um determinado espaço e período histórico.

O “acontecimento” e “as ações individuais” (fundamentais para os historiadores positivistas) provocadores de transformações e mudanças, são para os historiadores marxistas, conseqüências naturais do estágio do modo-de-produção em curso.


Entra em cena à École des Annales.


Essa corrente do pensamento historiográfico surgiu com a inauguração da revista: “Analles de História Econômica e Social”, fundada em 1929 pelos historiadores Marc Bloch (1886-1944) e Lucién Febvre (1878-1956) (ambos professores da Universidade de Estrasburgo). A intenção era promover estudos relativos às estruturas econômicas e sociais, favorecendo possíveis contatos interdisciplinares no seio das Ciências Sociais. Os horizontes de ação do historiador ampliavam-se e possibilitavam recuperar o passado por intermédio de questões colocadas pelo tempo presente, assim como a ampliação da noção de fonte. A História deixa de ser “narrativa” para ser “problema”: Na história-problema, o historiador escolhe seus objetos no passado e os interroga a partir do presente. Ele explicita a sua elaboração conceitual, pois reconhece a sua presença na pesquisa: escolhe, seleciona, interroga, conceitua.

A noção de tempo é encarada da seguinte forma: A divisão entre “tempo do acontecimento, da conjuntura e da longa duração ou estrutura” (BITTENCOURT, 2004, p. 146) possibilitou uma ampliação da noção de tempo à História e definiu novos aportes metodológicos para apreensão da memória histórica.