A
música é o som primordial do universo. Dizem os Hindus que no momento
da criação do universo Brahma entoou o som “OM” e o universo assim
iniciou sua existência. Talvez por isso ela seja tão significativa para nós desde nossa ancestral vivência nas cavernas do passado.
A
música como manifestação da alma sempre fez parte da essência humana, é
utilizada como expressão e identidade do homem no mundo.
Historicamente
acredita-se que a música tenha surgido nas tribos africanas e
expandindo-se para outras regiões modificando-se e adquirindo
características diversas devido às influências socioculturais.
A
cultura egípcia, por volta de 4.000 anos a.C., utilizava a música em
suas cerimônias religiosas, onde as pessoas batiam espécies de discos e
paus uns contra os outros, utilizavam harpas, percussão, diferentes
formas de flautas e também cantavam.
A
teoria musical só começou a ser elaborada no século V a.C., na
Antiguidade Clássica, através das peças, em sua maioria gregas.
Na
Grécia a representação musical era feita com letras do alfabeto,
formando quatro sons com essas letras. Pitágoras acreditava que a música
e a matemática formavam a chave para os segredos do mundo, que o
universo cantava, justificando a importância da música na dança, na
tragédia e nos cultos gregos.
A
“Música Clássica” é o estilo posterior ao Barroco. O termo “clássico”
deriva do latim “classicus”, que significa cidadão da mais alta classe.
Este período da música é marcado pelas composições de Haydn, Mozart e
Beethoven. Eram músicas inspiradas na pureza e sutileza da alma, feita
para o espírito. Mas faltava algo, uma conexão musical entre o espírito e
a matéria que somente o futuro foi capaz de providenciar.
Surge
então o Rock. Estilo musical que tem bases no blues nascido nos campos
de plantação no sul dos EUA, onde trabalhavam os negros escravos.
O
Rock é um estilo interessante, revolucionário e por isso mesmo muito
combatido e descriminado, principalmente após sua evolução natural
ocorrido nos anos de 1970, o Heavy Metal. Estilo agressivo, forte e
extremamente ligado aos sentimentos terrestres escondidos nas
profundezas do inconsciente humano, foi apressadamente classificado como
música do “Diabo”.
A
partir dos anos 70 o Heavy Metal começa a tomar identidade e nos anos
80 já estava consolidado para a eternidade, bandas como Led Zeppelin,
Uriah heep, Focus e várias outras, traziam composições místicas
levando-nos as profundezas da sanidade psíquica. E o que dizer do Black
Sabbath ou Iron Maiden que brindou a humanidade com obras de arte como
que tiradas dos filmes de terror. Não podemos deixar de falar de bandas
como Judas Priest e Saxon que via na imagem do couro e na adrenalina
motociclistica a identidade do estilo musical nascente.
Esses
três aspectos descritos acima demonstram a ponte existente entre o
psicológico, material e espiritual existente dentro de cada um. As
composições místicas levam o amante do estilo às profundezas do paraíso,
a busca pelo autoconhecimento e ascensão dos sonhos. O aspecto mais
macabro, como que tirado dos filmes de terror mostra como é tênue o fio
entre o “bem” e o “mal”, as incertezas perante a nossa existência, a
crença em Deus e a fé. O couro é a representação da masculinidade, o
material elevado ao extremo, remetendo-nos na história a época em que a
pele do animal morto na caça era usado para aquecer o corpo, e a moto
representando o próprio animal conquistado e dominado, conduzindo-nos na
estrada da vida.
Nos
anos 80 o estilo tomou proporções assustadoras, o mundo inteiro
assistia o fenômeno do heavy metal desafiar todas as tradições que ainda
existiam, bandas eram formadas por toda parte e em todos os países.
Cada vez mais agressivo e filosófico o estilo desdobrou-se em vários
sub-estilos, Hard, Trash, Power, Speedy e Glam, cada um com suas
respectivas bandas defendendo a unhas e dentes sua forma de fazer o
“Verdadeiro Metal”. O Thrash e Speedy demonstram a agressividade e
rapidez das metrópoles, o Power é o próprio heavy tradicional com
roupagem mitológica, o hard é o mais “light” e agradável de ouvir,
principalmente para o público menos acostumado com o “barulho” e suas
letras mais próximo das férias de verão e das baladas do fim de semana. O
Glam é talvez o mais controverso, representa o lado mais feminino e
comercial, contrariando todo o poder e agressividade masculina que
imperava o movimento headbanger dos anos 80.
Na
metade da década de 90 o estilo começa a demonstrar mudanças, bandas
como Metallica, Megadeth, Slayer e Manowar, além das tradicionais vinham
dominando (e ainda dominam) o mundo, mas surgem então os nascentes
Grunges, como Nirvana e Pearl Jam.
Nos
anos 2000 o estilo fundiu-se com vários outros: dos antigos darks
surgiu o metal gótico, do punk-rock surgiu o nu metal, da musica
eletrônica surgiu o industrial metal e do erudito surgiu o prog metal e
symphonic metal.
Hoje
mais que consolidar-se o metal está enraizado por todos os lados nos
corações e mentes de toda humanidade, mesmo com toda essas facetas o
puro metal continua vivo e cada vez mais forte. O Heavy Metal é o estilo
que faltava entre matéria e espírito. Ele nos conecta com o planeta
através de sua agressividade e força, potencializa nossos instintos
primitivos e nos conecta ao nosso espírito através de sua sutileza
imaginária, suas letras inspiradoras e esclarecedoras e desperta a magia
existente dentro de cada um de nós. Posso dizer que, por experiência
própria, esse estilo de música foi e ainda é o responsável por eu me
reconhecer como individuo.
“Homem conhece-te a ti mesmo e conheceras o universo” (Oráculo de Delfos)
Ricardo Viana
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