quinta-feira, 26 de maio de 2011

Lula ajudou a mudar o equilíbrio do mundo, avalia historiador Eric Hobsbawm

Fernanda Calgaro
Especial para o UOL Notícias
Em Londres





  • Hobsbawm se encontrou com Lula em Londres Hobsbawm se encontrou com Lula em Londres
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "ajudou a mudar o equilíbrio do mundo ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas", opinou o historiador britânico Eric Hobsbawm, 94 anos. Ícone da historiografia marxista, ele se reuniu nesta quarta-feira (13) com Lula na residência do embaixador brasileiro em Londres, Roberto Jaguaribe. O convite foi feito pela equipe de Lula.

Autor do clássico "Era dos Extremos", Hobsbawm é considerado um dos maiores intelectuais vivos. Na saída da embaixada, ele deu uma rápida entrevista quando já estava sentado no banco de trás do carro, ao lado da mulher. Falando com dificuldade, o historiador teceu elogios ao governo Lula e disse que espera revê-lo mais vezes. O encontro durou cerca de uma hora e meia.

"Lula fez um trabalho maravilhoso não somente para o Brasil, mas também para a América do Sul." Em relação ao seu papel após o fim do seu mandato, Hobsbawm afirmou que, "claramente Lula está ciente de que entregou o cargo para um outro presidente e não pode parecer que está no caminho desse novo presidente".

"Acho que Lula deve se concentrar em diplomacia e em outras atividades ao redor mundo. Mas acho que ele espera retornar no futuro. Tem grandes esperanças para [tocar] projetos de desenvolvimento na África, [especialmente] entre a África e o Brasil. E certamente ele não será esquecido como presidente", disse.

Sobre o encontro, disse que foi uma "experiência maravilhosa", especialmente porque conhece Lula há bastante tempo. "Eu o conheci primeiro em 1992, muito tempo antes de ser presidente. Desde então, eu o admiro. E, quando ele virou presidente, minha admiração ficou quase ilimitada. Fiquei muito feliz em poder vê-lo de novo."

A respeito da presidente Dilma Rousseff, Hobsbawm afirmou que só a conhece pelo que lê nos jornais e pelo que lhe contam, mas ressalta a importância de o país ter a primeira mulher presidente.

"É extremamente importante que o Brasil tenha o primeiro presidente que nunca foi para a universidade e venha da classe trabalhadora e também seja seguido pela primeira presidente mulher.  Essas duas coisas são boas. Acredito, pelo que ouço, que a presidente Dilma tem sido extremamente eficiente até agora, mas até o momento não tenho como dizer muito mais", falou.

Egipto: 17 novas pirâmides descobertas

Egipto: 17 novas pirâmides descobertas
Estavam tapadas pela areia de 3000 anos que escondia a antiga necrópole de Saqqara. São 17 pirâmides em ruínas, 1000 túmulos e 3000 casas, descobertas no Egipto, junto ao Nilo, por uma equipa de investigadores da Universidade de Alabama, adiantou a BBC, quarta feira.

Recorrendo às imagens de satélite conseguidas por infravermelhos, uma equipa de cientistas encontrou um dos segredos mais bem guardados do mundo – uma cidade perdida.

As escavações já permitiram confirmar duas das dezassete pirâmides tapadas pela areia e pela lama do Nilo. As restantes, bem como os 1000 túmulos e mais de três mil casas, estão agora por desenterrar.

As imagens conseguidas permitem conhecer o mapa detalhado da antiga cidade de Tanis, no norte do Egipto, cuja dimensão se desconhecia.

Fonte: http://www.boasnoticias.pt/
Existem apenas cerca de 100 pirâmides conhecidas no Egipto e alguns arqueólogos admitem que milhares estarão ainda por descobrir. Acredita-se também que esta possa ser uma das descobertas arqueológicas mais importantes do Egipto.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Professorinha e o PIB

Emerson Damasceno
De Fortaleza (CE)


A professora Amanda Gurgel, cujo discurso na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte foi reproduzido mais de um milhão de vezes no YouTube (Foto: BandNews)


Alguns discursos se tornam marcantes em função de seus autores. Outros, pelo seu conteúdo. Ainda há aqueles que marcam nossas mentes em função do contexto histórico no qual estão inseridos. Pode-se dizer do discurso proferido pela professorinha potiguar Amanda Gurgel durante uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, que reúne estas três características. Além de uma figura humana incrível, a pequena servidora pública também soube construir um texto impecável no pouco tempo que teve, em um momento que não poderia ser mais significativo na história brasileira.

Foi na internet, entretanto, que o vídeo da fala de Amanda ganhou o apoio que merecia, ao contabilizar - somente no YouTube - mais de um milhão e trezentas mil visualizações.

Certamente ao discursar de maneira firme e decidida em frente à secretária de Educação e de deputados de seu Estado, justificando a greve no Estado e criticando o ônus histórico imputado à classe de professores, sem um bônus equivalente, Amanda não previa que se tornaria mais uma celebridade instantânea das mídias sociais. Aliás, uma das características marcantes da internet é justamente saber pinçar de forma democrática os vídeos que irão se tornar tendência, muitos dos quais são produzidos de forma totalmente despretensiosa, num efeito colaborativo respaldados por retuites, curtidas e compartilhamentos, os quais às vezes nem mesmo os mais experientes usuários conseguem também antecipar.

Quem navegar pela internet há mais tempo, irá lembrar que o discurso de Amanda lembra em sucesso e impacto, o da garota Severn Suzuki, durante a Rio 92 no Brasil, o qual deixou abobalhados vários conferencistas e até hoje é um "hit" na internet e para qualquer ambientalista que se preze. Ambos os discursos têm a mesma jovialidade e coragem e materializam muito da rebeldia incontida nas mídias sociais. Via de regra, sim, estas mídias são contraventoras, se comparadas com anos recentes, onde o único reflexo em massa da nossa brasilidade era visto quase que exclusivamente pela televisão e quando esta se dignava a ouvir as vozes dissonantes das ruas. Até mesmo na linguagem própria, diversos signos novos e díspares da chamada norma culta, podem ser encontrados a cada dia no Twitter, Facebook, blogs e afins, os quais não podem ser desprezados em sua nova forma de protesto e discurso.

Ao "adotar" a voz de Amanda como mais uma bandeira, é dado outro recado. O enfoque dado por Governos sucessivos à educação já parece ter cansado a todos. O discurso da Professora não poderia ser mais providencial. Justamente quando governo e oposição travam batalhas homéricas concernente a números e metas frias, a voz da professora em sala de aula pede um basta e mais respeito com a educação no Brasil. Cansada de ser tratada como ícone de abnegação e plano secundário ela pede a repartição e aumento do bolo (ou, melhor dizendo, do cuscuz), com a classe dos professores.

#DezporcentodoPIBJa - Amanda, dias após deixar o "anonimato", foi convidada para diversos programas de tv, mais uma prova inequívoca de que a televisão também é pautada diversas vezes pelas mídias novas. Esteve inclusive no último Domingão do Faustão da Rede Globo, onde insistiu na sua luta e lançou a hashtag #DezporCentodoPIBJá, pedindo que o percentual da riqueza do País seja efetivamente destinado à educação, a qual alcançou o primeiro lugar nos TT (trending topic) do Twitter brasileiro no mesmo dia. Como não poderia deixar de ser, gerou também vários protestos de inúmeros teóricos, a questionar desde o alicerce constitucional até a viabilidade prática de tal "projeto". Muitos desses críticos parecem cegar ao caráter emblemático da proposta, mormente em um País tão dado a explicar com números e leis o que não se consegue explicar pelo exercício lógico. Aliás, é praxe até de quem se acha elitista criticar qualquer protesto por sua aparente falta de supedâneo culto (algo que não falta às palavras de Amanda, registre-se), provavelmente uma defesa preparada quando argumentos próprios tornam-se frágeis.

Se o grito de Amanda, multiplicado por milhões de outros brasileiros, irá causar um efeito concreto no trato da educação no Brasil, ainda é cedo para se dizer. Mas se o poder público continuar desprezando tais protestos, é certo que terá ainda mais trabalho para explicar os revezes da educação. Não se sabe em quem terá apoio para dividir as responsabilidade. Certo, é que não será mais com a classe representada por Amanda Gurgel, que já está cansada de ser, em suas próprias palavras, "a redentora do País". A quem caberá tal incumbência de super-herói, então?

Emerson Damasceno é jornalista e poeta. Especialista e apaixonado por direito eletrônico, além do direito desportivo que o fez correr o mundo durante uma década. Blogueiro desde 2002, divide o tempo entre o trabalho, as mídias sociais e a 4social, sua última criação.

Neto do Trotsky no Brasil

sábado, 21 de maio de 2011

Contra os abusos sexuais

Sedentos de justiça e vingança, escravos recorriam à Inquisição para denunciar sodomia de seus senhores no século XVIII      
 Ronaldo Vainfas
O angola Joaquim Antônio não sabia falar português. Mas os maus-tratos de seu senhor eram tantos que ele foi assim mesmo se apresentar aos inquisidores do Santo Ofício para denunciá-lo. Essa era uma das formas de resistência adotadas pelos escravos no Brasil Colônia. Não se tratava de uma atitude usual, antes de tudo porque as agressões aos escravos não eram delito da alçada inquisitorial.

Também a Inquisição não costumava dar grande crédito às acusações de cativos, e eles sabiam disso. Se a Inquisição preferisse arquivar o caso, o risco de uma retaliação senhorial era grande.

Mas o caso de Joaquim é bom exemplo deste tipo de denúncia, feita na Visitação do Santo Ofício ao Grão-Pará e Maranhão no século XVIII. Em 1767, o escravo se apresentou ao visitador acusando o senhor Francisco Serrão de Castro de forçar dezenas de escravos à sodomia com grande truculência. Joaquim, por meio de um intérprete, contou que Serrão de Castro perseguia diversos escravos, solteiros ou casados, jovens ou moleques de pouca idade, forçando-os ao coito anal. Ficavam todos muito feridos e “inchados na parte traseira”, e, segundo o denunciante, cinco deles morreram depois desses atos. Joaquim deu os nomes de várias testemunhas que poderiam confirmar o que se passava na fazenda de Francisco Serrão.

O visitador se dispôs a apurar o caso, ao menos de início, convocando João, escravo proveniente do Congo. Este não só confirmou os atos de Francisco Serrão como acrescentou que o senhor era mau cristão, impedindo os escravos de frequentar a missa e de “rezar o terço, como noutras partes se costuma fazer”. No dia seguinte apareceu outro angola, de nome João, escravo dos carmelitas, mas este sequer conseguiu fazer sua acusação. O visitador suspendeu o processo. Na página em que se registrava o depoimento do cativo vê-se um grande risco, emendando a última letra escrita até o final da folha.

Tudo indica que os escravos da fazenda paraense e de outros sítios montaram uma estratégia para dar um basta nas violências de Francisco Serrão. Fica a dúvida se tais violências eram perpetradas em meio a atos sexuais, como consta das denúncias, ou se os cativos optaram por acusar o senhor de tais atos por ser a sodomia um delito de foro inquisitorial. Era mais viável pegá-lo por aí. De todo modo, o visitador optou por deixar Francisco Serrão em paz. Pode-se bem imaginar a revanche do senhor paraense contra os escravos que o acusaram.

Ainda no século XVIII, o padre secular José Ribeiro Dias não teve a mesma sorte. Padre José era também minerador em Paracatu, comarca de Sabará, onde possuía duas datas – lotes de terra destinados à mineração – para extração de ouro, algumas roças e 27 escravos. Sua conduta era motivo de grande escândalo na vila de Ribeirão do Carmo, pois não só assediava seus próprios escravos, mas também outros rapazes. João Luiz, aprendiz de um boticário, o jovem Carlos, músico da vila, e muitos outros foram seduzidos pelo assanhado cura das Gerais.

Quem pôs fim à farra do padre José Ribeiro foi o mulato Felipe de Santiago, seu escravo, que tomou a iniciativa de denunciá-lo ao visitador enviado pelo bispo de Mariana à região, em novembro de 1743. Felipe disse tudo o que sabia do sacerdote, sublinhando seu caso particular. Contou que por diversas vezes tinha sido molestado pelo padre, que o “violentava com o poder e respeito de senhor”, enquanto ele “o obedecia com o medo de escravo que é”. O mulato Felipe tinha plena consciência de seu lugar na sociedade colonial e de como o cativeiro podia implicar, como no caso, abusos sexuais.

O visitador eclesiástico resolveu agir. Instruiu o processo junto ao Santo Ofício, que mandou prender o padre, com sequestro de bens. Enviado a Lisboa, padre José admitiu todas as culpas e pediu todos os perdões, mas de nada adiantou. Em 1747, foi condenado a sair em auto de fé, espetáculo público em que os condenados ouviam suas sentenças após desfilarem pelas ruas de Lisboa em procissão. Mas a pena do padre não se limitou ao vexame de sair no auto. Foi condenado ao confisco de bens, à perda das ordens e dos benefícios eclesiásticos e, por último, à pesada pena de dez anos de trabalhos forçados nas galés do rei.

Padre José cumpriu boa parte da sentença. No final de seu processo, encontram-se petições em que o condenado suplicava ao Santo Ofício para suspender a pena, alegando que não suportava mais as enfermidades e infortúnios de seu degredo. Corria o ano de 1754. O ex-padre já tinha cumprido sete anos nas galés. A Inquisição mandou um médico para examinar o condenado, e o laudo não deixou dúvidas sobre seu miserável estado: havia tempos tinha “uma perna aleijada, que lhe custa andar, não só pela pouca firmeza que nela tem, como pelos duros ferros com que a outra se acha ligada…”.

O Santo Ofício de Lisboa achou por bem liberar o condenado dos três anos que ainda tinha que cumprir nas galés. Mas não restaurou as ordens sacras solicitadas por José Ribeiro Dias, que morreu na miséria. Assim terminou a vida de um membro comum da classe senhorial de Minas Gerais, homem que gostava de violentar escravos, explorar ouro e, quem sabe, ministrar ofícios divinos. Do mulato Felipe, seu denunciante, nada se sabe, exceto que sua vingança deu certo.

Ronaldo Vainfas é professor de História na Universidade Federal Fluminense e autor de Trópico dos Pecados (Nova Fronteira, 1998).

Saiba Mais - Bibliografia

MOTT, Luiz. Escravidão, homossexualidade e demonologia. São Paulo: Ícone, 1988.

MOTT, Luiz. O sexo proibido: virgens, gays e escravos nas garras da Inquisição. Campinas: Papirus, 1988.

 FONTE: http://www.revistadehistoria.com.br

O Grande Irmão - Da operação Brother Sam aos anos de chumbo. O governo dos Estados Unidos e a ditadura militar brasileira

Autor: Carlos Fico

“Quando a maior parte dos parlamentares abarrotou o escritório do terceiro andar, o presidente Ranieri Mazzilli acabava de ser empossado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ribeiro da Costa. Eram 3h30 da manhã de 2 de abril. O arremate final havia sido dado ao golpe de estado”. Assim Robert Bentley, funcionário da embaixada americana em Brasília e testemunha ocular dos eventos, narra de dentro do palácio presidencial o dramático desfecho do governo Goulart e o começo da ditadura.

O relato está em uma das quarenta e três caixas de documentos do Departamento de Estado dos EUA que, junto com outro material inédito de vários setores da administração americana, constituem a fonte que Carlos Fico examinou, com rigor e paixão de pesquisador, para oferecer um quadro vivo da participação do Grande Irmão na derrubada de Jango e na instauração do regime militar no Brasil. Embora já conhecida, essa participação é esquadrinhada aqui com a ajuda da interessante documentação e estudada em sua evolução. Da Operação Brother Sam, cujo esquema é preparado desde 1963 e montado com a conivência de militares brasileiros, até os anos do AI-5 e da tortura, quando o apoio americano se torna mais discreto e pragmático.

A narrativa, que vai de 1963 a 1973, acompanha o Brasil de Castelo Branco, Costa e Silva e Médici na sua parceria com os EUA de Kennedy, Johnson e Nixon. As inevitáveis limitações da obra, assinaladas pelo próprio autor na apresentação, poderão estimular a pesquisa brasileira sobre o tema, pois, como ele mesmo lembra, “além de brazilianists, precisamos de americanistas”. 

sexta-feira, 20 de maio de 2011

MANUSCRITOS NA HISTORIA

Caros Amigos, o Arquivo do Estado disponibiliza através de seu site manuscritos e várias fontes históricas para baixar, vale a pena conferir.

Link: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_manuscrito/selecao.php 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Falta de disciplina na escola é maior em SP

Especialistas dizem que indisciplina é resultado de aulas desinteressantes e docentes culpam a família

16 de maio de 2011 | 11h 40
Isis Brum - Jornal da Tarde
 
Se a sala de aula fosse um campo de futebol, a indisciplina seria a bola no clássico ‘alunos contra Professores’. O mau comportamento  dos estudantes está entre as principais causas dos conflitos escolares, dizem os professores. E, sob a perspectiva dos alunos, essa relação também é vista  como complicada. Em São Paulo, o descontentamento é ainda maior em relação ao restante do País: apenas 37,6% dos alunos paulistanos consideram que sua  relação com o professor é “boa ou ótima”, índice inferior à média nacional, de 45%, segundo um estudo da Organização das Nações Unidas para a Educação  (Unesco).
MARCIO FERNANDES/AE
MARCIO FERNANDES/AE
 
Alunos do Renovação: diretora diz que indisciplina já tem aparecido até entre estudantes bem jovens
“Indisciplina é um sintoma de que algo não vai bem em sala de aula. O aluno quer dizer: ‘estou sendo obrigado a fazer algo que não me interessa”, diagnostica Maria Regina Maluf, doutora em Psicologia da Educação e professora da Pós Graduação em Psicologia da Educação na Pontifícia Universidade Católica  de São Paulo (PUC-SP). Para resgatar a atenção e restabelecer a ordem em sala, um dos desafios é apresentar o conteúdo de forma interessante, de forma que  ele possa competir com o mar de informações à disposição nas redes sociais e em outras ferramentas do dia a dia do aluno.

“O professor, hoje, tem de tornar o método mais interessante e se colocar no papel desse aluno”, aponta Maria Ângela Barbato Carneiro,  coordenadora do Núcleo de Cultura, Estudos e Pesquisas do Brincar e da Educação Infantil da PUC-SP. Isso significa que aulas muito teóricas, distantes da  realidade dos estudantes e formatadas para serem copiadas da lousa, por exemplo, tornam-se enfadonhas para uma geração que já nasceu em meio às tecnologias  interativas.

O levantamento da Unesco, denominado Cotidiano das escolas: entre violências, levou em conta o depoimento de 500 alunos de ensino  fundamental e médio. Além de São Paulo, participaram da pesquisa três capitais (Salvador, Belém, Porto Alegre), mais o Distrito Federal. O panorama traçado  pelo estudo reflete um cenário de 2006, mas os conflitos dentro da sala de aula, garantem os especialistas, permanecem.
Mais recentes, outros dois estudos colocam a insubordinação no centro dos problemas entre alunos e professores. Em um deles, feito pela Fundação  SM, com 3,5 mil docentes brasileiros, a indisciplina é apontada como a situação mais difícil de se lidar em sala de aula. Outra pesquisa, realizada pelo  Ibope com base no relato de 500 professores do País, revelou que para 69% deles a indisciplina e a falta de atenção são os principais problemas escolares. 

Mas, se para os especialistas a falta de disciplina tem a ver com aulas que não prendem a atenção do aluno, para os professores o problema está na casa do  estudante e não na metodologia de ensino. “A maioria, até 62% dos docentes, ainda responsabiliza a família pela situação”, diz a coordenadora do Grupo de  Estudos e Pesquisa em Educação Moral (Gepem) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luciene Regina Paulino Tognetta, com base em vários estudos  desenvolvidos por sua equipe sobre o tema.

ESTUDANTES

37,6% dos alunos de SP consideram que sua relação com o professor é “boa ou ótima”, índice inferior à média nacional, (45%), diz estudo da Unesco

PROFESSORES

69% dos docentes dizem que a indisciplina e a falta de atenção são os principais problemas na sala de aula, segundo pesquisa do Ibope

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Julgamento de nazista há 50 anos ajudou a unificar Israel

Adolf Eichmann
Eichmann foi sequestrado em Buenos Aires e levado para Israel pelo Mossad

O julgamento, há 50 anos, do nazista Adolf Eichmann por crimes de guerra ajudou a consolidar o jovem Estado de Israel ao permitir que o povo judeu falasse abertamente sobre o Holocausto.

"Para os judeus", disse o historiador israelense Tom Segev, "sempre houve dois Adolfs".
Adolf Hitler se suicidou nas ruínas do seu abrigo subterrâneo em Berlim, mas o outro Adolf, o tenente-coronel Eichmann, tido como o arquiteto do Holocausto, fugiu para a Argentina.

Há 50 anos, na manhã do dia 11 de abril de 1961, o "segundo Adolf" enfrentou a Justiça em um tribunal em Jerusalém.

O julgamento ajudou a criar o moderno Estado de Israel e tem profundas implicações para o mundo hoje.
"Quando me apresento diante de vocês", disse ao tribunal, na ocasião, o chefe da promotoria, Gideon Hausner, "não estou só. Comigo, nesse momento, estão seis milhões de promotores".

James Bond

Os presentes ouviram que Eichmann tinha tido um papel central na organização dos campos de concentração onde milhões morreram.

Ao saber, pelo promotor da Alemanha Ocidental Fritz Bauer, que Eichmann vivia na Argentina, o Mossad, polícia secreta de Israel, organizou, em 1960, um sequestro do acusado em estilo digno dos filmes de James Bond.

O homem que chefiava a equipe do Mossad encarregada da tarefa, Rafi Eitan, hoje tem mais de 80 anos.
Falando à BBC, Eitan disse que Eichmann foi levado de Buenos Aires a um local secreto em Israel, onde foi interrogado por vários meses.

"Ele era um tipo comum", disse Eitan.

Um interrogador da polícia israelense na época, Michael Goldman Gilad, também com idade em torno de 80 anos, disse que Eichmann era um coitado, um João Ninguém.

Momento Unificador

Enquanto corria o julgamento, por trás da cena, nos bastidores, o então primeiro-ministro de Israel, David Ben Gurion, armava uma importante jogada política.

Ele sabia que, se o julgamento fosse abordado da forma correta, poderia se transformar em um evento unificador para o jovem Estado de Israel, que ele tentava construir com imigrantes judeus vindos de todo o mundo - pessoas que falavam línguas diferentes e que, às vezes, pareciam ter pouco em comum.

Em 1961, não havia televisão em Israel, mas a nação ouvia as audiências por meio de transmissões de rádio. Enquanto isso, no resto do mundo, milhões assistiam ao julgamento pela TV.

Dia após dia, ouvia-se relatos de sobreviventes que falavam abertamente, com frequência pela primeira vez, sobre os horrores que tinham vivido.

Adolf Eichmann 
Julgamento por crimes de guerra deu impulso a Israel
 
"Até 1960, o Holocausto era tabu. Os pais não contavam aos filhos. Os filhos não ousavam perguntar. O julgamento abriu a ferida", disse o historiador Tom Segev.

O interrogador Goldman Gilad sobreviveu a Auschwitz, mas seus pais e irmã foram mortos.

Quando foi para Israel depois da guerra, Gilad, como muitos outros sobreviventes, não falou sobre o que tinha visto nem à família e amigos, porque outros israelenses "não acreditavam em nós".

"Era impossível acreditar, porque era tão horrível. Mas o julgamento de Eichmann abriu nossas bocas novamente".

Segundo Segev, Ben Gurion queria que todos reconhecessem que "o que quer que o mundo deve a essas vítimas, deve hoje a Israel".

Vingança

Eichmann foi declarado culpado no dia 11 de dezembro de 1961 e foi executado no dia 30 de maio de 1962.

Michael Goldman Gilad estava lá.

Ele se lembrava de que, em Auschwitz, Eichmann havia exigido que todo judeu fosse morto porque qualquer sobrevivente poderia, um dia, buscar vingança.

"Bem, ele estava certo", disse o interrogador á BBC.

Após a execução, Gilad recebeu ordens de supervisionar a queima do corpo e a atirada das cinzas no mar - para que não houvesse uma tumba ou local que pudesse se tornar foco da atenção de neo-nazistas.

Gilad disse que as cinzas de Eichmann foram suficientes apenas para encher um recipiente de dois litros.

Ele ficou chocado porque, nos campos de concentração, uma de suas tarefas era espalhar cinzas dos
crematórios sobre o gelo e a neve para que os oficiais nazistas não escorregassem.

Os restos dos mortos tinham formado "uma grande montanha de cinzas", muito mais do que os punhados provenientes do corpo de Eichmann, explicou.

Meio século mais tarde, a maldade de Eichmann elude explicações. Mas seu legado é claro.

Se um dia foi considerado assunto doloroso demais para ser mencionado, o Holocausto é hoje matéria compulsória em escolas israelenses.

Em cada dez estudantes da escola secundária em Israel, oito descrevem a si próprios como "sobreviventes do Holocausto".

Os 50 anos do julgamento de Eichmann oferecem também uma oportunidade para que se discuta, em Israel, se as sombras do passado não estariam dificultando, ao país, alcançar a paz no presente e a prosperidade futura.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Governo de SP anuncia reajuste salarial de 13% a professores

11 de maio de 2011 • 11h58 •  atualizado 13h48
Geraldo Alckmin anunciou  aumento salarial escalonado de 42,2% até o fim de seu mandato, em 2014
Geraldo Alckmin anunciou aumento salarial escalonado de 42,2% até o fim de seu mandato, em 2014
Foto: Simone Sartori
 
Simone Sartori

Direto de São Paulo - Fonte Terra
O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou na manhã desta quarta-feira um aumento salarial escalonado de 42,2% para professores até o fim de seu mandato, em 2014. Já neste ano, a partir de 1º de julho, o reajuste sobre o salário base será de 13,8% para o magistério, ou seja, passará de R$ 1.665 para R$ 1.894.
 
Em 2012 o aumento será de 10,2% sobre o salário base, que passará para R$ 2.088. Já no ano seguinte, o acréscimo prometido é de 6%, para R$ 2.213. Por último, os professores do Estado devem ganhar reajuste de 7% em 2014, com piso de R$ 2.368. O custo para os cofres do governo em 2011 será de R$ 824 milhões.
 
A medida beneficiará 225 mil professores ativos, e outros 149 mil inativos (professores aposentados e pensionistas). Além do aumento para o magistério, também foi anunciado reajuste médio de 32% para o quadro de apoio, também escalonados até 2014. O governo do Estado anunciou ainda a criação de 10 mil vagas de agentes de organização escolar, que, segundo o governador, servirão para liberar o diretor da escola para o trabalho pedagógico.
 
Essas vagas serão preenchidas após a realização de concurso público, e, segundo Alckmin, a convocação será imediata. Além disso, serão abertas outras 5.260 vagas de gerentes de organização escolar que serão preenchidas com funcionários que já fazem parte do quadro. O governo anunciou que as gratificações estão incorporadas no aumento até 2012, quando o benefício será encerrado. O plano de política salarial será encaminhado para Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que terá aprovar os aumentos.
De acordo com o governador, esta política salarial vai ao encontro da política de governo de valorização do ensino no Estado de São Paulo. "Estamos fazendo o primeiro movimento de valorização da escola pública para dar um salto de qualidade, começando pelo professor", afirmou. Também participou do anúncio o Secretário de Educação do Estado, Herman Voorwald. Também estavam presentes o Secretário de Gestão Pública, Julio Semeghini, o Secretário da Casa Civil, Sidney Beraldo, o presidente do diretório estadual do PSDB, Pedro Tobias, a ex-vereadora Soninha Francine (PPS), além de professores e dirigentes de ensino.
A presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Izabel Azevedo Noronha, considerou "positivo" o escalonamento do aumento salarial para a rede pública de ensino, apesar de a reivindicação da categoria ser de 36,75% para o ano, referente a reposição salarial desde 1998.
 
"No geral, não vejo a medida como negativa. A ação do governo já acena para alguma coisa, mas há alguns pontos que ainda precisam ser discutidos", disse Maria Izabel, citando a aplicação da medida na jornada de trabalho e a vigência da data base para o reajuste.
"A nossa data base é 1º de março, e o governo anunciou o reajuste a partir de 1º de julho. Então, seria interessante a retroatividade. Além disso, queremos entender se outras gratificações serão incorporadas", disse.
 
A Apeoesp volta a destacar a iniciativa, porém, questiona a nomenclatura dada pelo governo as vagas de gerentes de organização escolar que serão criadas - 10 mil no total. "A nomenclatura de gerente não comporta; o ensino não funciona como uma empresa", disse.
 
Para discutir as medidas anunciadas pelo governo paulista, a Apeoesp informou que um conselho estadual formado por representantes das escolas se reunirá na próxima sexta-feira, em São Paulo.
 
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OBS. 13,8% + 10.2% + 6% + 7% = 37% (cadê os outros 5,2% para chegar aos 42,2%?????) 

domingo, 8 de maio de 2011

"Não há razão para comemorar um assassinato", diz historiadora após morte de Bin Laden

Fonte: Thiago Chaves-Scarelli - Do UOL Notícias - Em São Paulo 
 

A primeira reação de grande parte da população americana diante da notícia da morte de Osama bin Laden, o rosto mais famoso do terrorismo internacional, foi sair às ruas para comemorar a derrota de seu inimigo. No entanto, a operação contra o terrorista saudita foi um assassinato sumário e como tal não deveria ser comemorado, de acordo com a análise da historiadora Maria Aparecida de Aquino.

"Há meses vem sendo preparada, junto com o governo do Paquistão, toda uma operação para chegar à casa de Osama Bin Laden. A ordem que se tinha era metralhar, a ordem era atirar. Fica difícil pensar em motivo para comemoração", pondera Aquino, professora em História Social da Universidade de São Paulo (USP).

A pesquisadora também questiona os precendentes abertos pela ação americana. "Isso não significa defender o que aconteceu em 11 de setembro de 2001, que foi um ato terrível e ofendeu a humanidade. Não significa negar o direito da população americana de buscar os culpados. Mas defender a forma como isso foi feito será dar aos Estados Unidos a possibilidade de amanhã entrar em qualquer uma de nossas casas e dizer: ‘olha, imaginei que aqui houvesse um terrorista e andei metralhando’. É muito grave o que aconteceu".
Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida nesta segunda-feira (2) ao UOL Notícias.

Foto 9 de 64 - Americanos comemoram em Nova York, EUA, após o presidente Barack Obama anunciar a morte do terrorista Osama bin Laden Mais Michael Appleton/The New York Times
 
UOL Notícias: Os americanos reagiram à notícia da morte de Bin Laden com festa e era possível ver cenas de comemoração e euforia nas ruas. Existe razão para comemorar? Essa euforia é justificável?

Maria Aparecida Aquino: Não. Se a gente admitir que existe razão para comemorações neste momento, então estaríamos admitindo que existe razão para comemorar um assassinato. Uma coisa que normalmente não se comenta é que os Estados Unidos gostam de jogar na cara de todos os outros países que eles são os guardiões da democracia do mundo, e sempre interferem nos outros países para assegurar a democracia. Entretanto, o que eles fizeram nesse caso é simplesmente um assassinato. Se houve um crime e você está atrás de uma pessoa que é teoricamente uma das responsáveis por esse crime, você tem o direito de pegar essa pessoa e submetê-la a um julgamento. Mas o que aconteceu foi simplesmente um assassinato.

Há meses vem sendo preparada, junto com o governo do Paquistão, toda uma operação para chegar à casa de Osama Bin Laden. A ordem que se tinha era metralhar, a ordem era atirar. Fica difícil pensar em motivo para comemoração.

O que podemos observar é que toda a euforia inicial nos Estados Unidos já baixou um pouco, porque eles têm um temor muito grande – e devem mesmo; pensar que a Al Qaeda se restringe a um homem só, Osama bin Laden, é uma tolice. A Al Qaeda é uma imensa organização. E é muito possível que haja retaliações.

Então, em circunstância alguma teríamos motivos para comemorar, mesmo pertencendo à população americana, mesmo sendo o presidente dos Estados Unidos.

Se pessoas como nós, pessoas comuns, simplesmente coadunássemos com a ideia de comemoração, estaríamos coadunando contra todos os princípios que os próprios Estados Unidos dizem defender com tanta força.

UOL Notícias: Então é possível imaginar que os Estados Unidos poderiam ter feito uma captura sem recorrer a assassinato?

Aquino: Lógico. Eles tinham noção da localização. Planejaram a ação muito cuidadosamente. Chegaram até a casa e uma vez lá não havia condições de reação. Eles simplesmente metralharam quem estava pela frente.
 
UOL Notícias: Com relação ao corpo, como a senhora interpreta essa decisão dos Estados Unidos jogá-lo ao mar?

Aquino: A notícia de que eles teriam jogado o corpo ao mar é mais grave ainda, porque você não só submete o inimigo a um assassinato, como você também impede o ritual da morte.
Mesmo que não haja uma retaliação imediata, em breve essa ficha acaba caindo, mesmo entre a população, de que nem mesmo o direito à morte foi dado. Um dos maiores pilares da democracia é o habeas corpus, que em uma tradução muito simples do latim quer dizer: que se tenha direito ao corpo. Então foi negado um elemento característico do estado de Direito.

Os americanos têm direito de estar muito zangados com o que aconteceu no 11 de setembro? Sim. Têm direito de investigar quem seriam os responsáveis? Sim. Mas a forma como se faz isso pode acabar por retirar todos os direitos que nos restam.

UOL Notícias: É possível imaginar que os Estados Unidos enxerguem a morte de Bin Laden como a morte do “mal”?

Aquino: É o que eles defendem. No fundo, eles pretendem impor ao mundo inteiro uma ideia: de que estão cobertos de razão, de que a humanidade pode respirar aliviada e de que agora estamos livres do mal, já que o mal estava condensado em uma pessoa. Mas isso é uma ilusão de ótica. É como os mágicos fazem: você olha para o outro lado, não presta atenção na prestidigitação que ele está fazendo com as mãos. Não podemos cair nesta história.

Isso não significa defender o que aconteceu em 11 de setembro de 2001, que foi um ato terrível e ofendeu a humanidade. Não significa negar o direito da população americana de buscar os culpados. Mas defender a forma como isso foi feito será dar aos Estados Unidos a possibilidade de amanhã entrar em qualquer uma de nossas casas e dizer: ‘olha, imaginei que aqui houvesse um terrorista e andei metralhando’. É muito grave o que aconteceu. Ou seja, não há motivo para comemoração.

Integralistas fazem passeata em Curitiba contra a "libertinagem"

Quem diria em!!! Os integralistas ainda vivem!!!! Como dizem, "vaso ruim não quebra".

 Integralistas fazem passeata em Curitiba contra a "libertinagem"


Divulgação
Divulgação / Integralistas fazem manifestação no Rio de Janeiro.Integralistas fazem manifestação no Rio de Janeiro.
Um grupo de integralistas planeja para este sábado, em Curitiba, uam manifestação contra o que chamam de "libertinagem" e sua relação com a política brasileira.
O evento, marcado para as 15 horas, vai protestar contra o projeto de lei que criminaliza a homofobia, a união civil gay e contra os políticos que apoiam essas ideias.
O integralismo, um movimento que foi forte nos anos 1930, voltou a ganhar alguns adeptos com a internet. Ligado à direita, chegou a ser comparado em sua fase áurea com os movimentos fascistas.
Seus novos ideólogos, porém, dizem que não são racistas nem homófobos

sábado, 7 de maio de 2011

Por insatisfação e 'realidade', pais apostam em escolas públicas

Arthur e Ian estudam na Escola Estadual Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação Arthur e Ian estudam na Escola Estadual Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo
Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação


Na contramão do movimento da nova classe média em direção ao ensino particular - pesquisa do Ibope indica que neste ano deverão ser gastos R$ 43 bilhões em matrículas e mensalidades escolares no Brasil -, há um grupo de pais que, embora possam pagar, apostam no ensino público como forma de criar os filhos mais próximos da realidade brasileira.

Um exemplo deste movimento é a terapeuta reiki Débora Bueno, 36 anos. Ela conta que passeava com o filho, na época com 3 anos, quando o menino, ao ver um homem negro na rua, ficou espantado e perguntou por que ele havia pintado o rosto. Naquele momento, Débora percebeu que todos os colegas e funcionários da creche particular que o garoto frequentava eram brancos.
 
Com o objetivo de proporcionar um ambiente mais diverso, a criança, agora com 4 anos, estuda na Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima, em São Paulo. "Na escola pública, ele convive com todos os tipos de estudante, inclusive pessoas com deficiência", afirma.
 
A insatisfação em relação ao ensino privado também contou para a mudança de colégio. "Eu sentia que tudo lá era feito para agradar os pais", lembra. Além disso, Débora acredita que a pressão das famílias por um ensino mais tradicional fazia a escola particular se afastar da sua proposta inicial, o construtivismo, uma linha pedagógica que prioriza os conhecimentos que o aluno traz consigo.
 
"As pessoas querem ver os seus filhos lendo, escrevendo e falando inglês. Eu quero que primeiro eles brinquem muito, e só depois aprendam alguma coisa", opina Débora, que em 2012 pretende matricular a filha de 3 anos também no ensino público e não pensa em tirá-los dessa escola nem depois do período de alfabetização.
 
Apesar da sua convicção nos benefícios da escola pública, Débora só criou coragem para fazer a mudança quando leu o blog de Vanessa Cabral, 38 anos, chamado Escola pública não é de graça. "Eu tinha medo, mas aí comecei a ler os posts e fui mudando de ideia", afirma a terapeuta.
 
Ao notar o desconhecimento geral da classe média em relação ao ensino público, Vanessa, que é jornalista e casada com um fotógrafo, resolveu fazer um blog quando matriculou os dois filhos, Arthur, na época com 10 anos, e Ian, com 8 anos, na Escola Estadual Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, em 2010. "A ideia era fazer um acompanhamento dessa experiência, porque a gente fala que o ensino público é ruim, mas nem conhece direito", diz.
 
Ensino de qualidade

A postura de Vanessa e de Débora vão contra a maré que busca educação de qualidade a qualquer custo. Para Gualtiero Piccoli, mestre em educação corporativa e fundador da associação socioeducacional Horizontes, priorizar o ensino público não é uma tendência no Brasil por diversas razões. "Desde a falta de vontade política até o desvio de recurso público, somado ainda à baixa remuneração dos educadores", afirma.

"Quando a infraestutura é boa, a remuneração do educador é baixa, e quando se encontram diretores e pais de escolas motivados, a alternância de poder se encarrega de aniquilar toda uma história de sucesso, com raríssimas exceções", completa o especialista.
 
Mesmo diante de um cenário desanimador, Vanessa acredita que pais atuantes podem contribuir muito para a qualidade das escolas públicas. "Ter pais participativos, independentemente da classe social, é um dos maiores ativos de uma escola. Quando o diretor, coordenador e professores sabem que os pais participam, a preocupação é outra", concorda Gualtiero Piccoli.
 
O nome do blog de Vanessa, Escola pública não é de graça, surgiu por causa da ideia de que, por ser público, ninguém está pagando por esse serviço. "Há um mito de que, se os pais pagam, podem cobrar, o que é um conceito distorcido, porque o ensino público é pago. É pago com os nossos impostos", afirma. Um ano depois da criação do site, o saldo é positivo.
 
O estereótipo de educadores e alunos desinteressados felizmente não se cumpriu na experiência dos filhos de Vanessa. "As professoras dos meus filhos eram preparadas e tinham muito domínio da turma", afirma. "Várias pessoas vieram me dizer que não colocavam os filhos no ensino público por medo, e outros que precisavam colocá-los por necessidade, mas não o faziam por vergonha", lamenta.
 
A distorção do papel da escola também foi percebida por Roberta Lêdo, 33 anos, em Porto Alegre (RS). Com um filho de 15 anos, Pedro, estudando sempre em colégio particular, há tempos ela se sentia insatisfeita com aquele ambiente que, segundo ela, não oferecia um grande diferencial do ensino público. "Por ser uma escola paga, a diretora deixa de ser educadora para se tornar uma empresária", lamenta.
 
Assim, as famílias eram tratadas como clientes e, portanto, não deveriam ser perturbadas. "Nem sempre chamavam os pais dos alunos quando necessário, porque corriam o risco de perder a clientela¿, diz.
 
Segundo Roberta, o colégio só se preocupou em chamá-la para discutir uma nota baixa em matemática de Pedro no final do ano. "Queriam garantir a matrícula do Pedro no Ensino Médio", acredita.
 
Desde março estudando na Escola Estadual Florinda Tubino Sampaio, o adolescente gasta o dinheiro da antiga mensalidade em aulas de italiano, de inglês, de teatro e de natação.
 
Roberta tem conhecimento de causa para falar sobre o tema, já que ela mesma é professora de artes de uma escola pública na capital gaúcha. Então, apesar da pressão familiar para simplesmente mudar o adolescente para outro colégio particular, ela escolheu matriculá-lo na escola estadual. "Claro que ali seria um ambiente diferente, com recursos diferentes. Mas se o aluno busca mais conhecimento, essas coisas não importam tanto", afirma.
 
Pesquisar escolas

Uma questão importante na hora de buscar a escola pública ideal é buscar referências de outras mães, visitar os lugares e ver o que já saiu na imprensa sobre os colégios. "Não coloquei meus filhos em qualquer uma. Pesquisei duas ou três e fui várias vezes ao local. Também esperei eles serem maiores para fazer a mudança em uma idade em que eles poderiam me contar o que acontece nas aulas", diz Vanessa.

Em 2011, a jornalista matriculou os filhos para um colégio construtivista em São Paulo, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima. "Vi reportagens com a diretora, já que é uma escola bastante citada na imprensa, fui lá conhecer e achei interessante a ideia", recorda. Apesar da boa fama da Amorim, sobravam vagas nas turmas. "Esse é outro mito, de que sempre faltam vagas. Quando a escola está em um bairro de classe média ou alta, não há tanta concorrência".
 
O momento da mudança pode ser tenso para a criança, que vai enfrentar uma outra realidade, como dos pais, que inevitavelmente se perguntam se fizeram a escolha certa. "Fiquei muito apreensiva de ter tomado a decisão errada. Porém, no final do primeiro dia, ele voltou muito feliz e me abraçou forte. Ali vi que estava tudo bem", diz Débora.
 
O choque de realidade aparece nas brincadeiras. "Os alunos comentam muito sobre polícia e sobre ladrão", lembra Débora, mas a mãe julga que, desde que tudo possa ser conversado com o filho depois, esses papos não são vistos como algo ruim. "Essa é mesmo a realidade brasileira", afirma.
 
Vanessa também teve que lidar com o uso de palavrões, mas conversar a respeito com os filhos foi o suficiente. Um ano depois, a blogueira já nota que a diversidade trouxe maturidade aos pequenos. "Pedro e Ian ficaram mais independentes, mais centrados na realidade", orgulha-se.

Fonte: Terra

quarta-feira, 4 de maio de 2011

SE NÓS BRASILEIROS QUERÍAMOS SER IGUAIS AOS AMERICANOS... CONSEGUIMOS

Mais um texto do meu amigo Professor Leandro que escreveu logo após a tragédia de Realengo.
Comentem!!!

SE NÓS BRASILEIROS QUERÍAMOS SER IGUAIS AOS AMERICANOS... CONSEGUIMOS 

Diz a ciência que nós descendemos do Homo sapiens-sapiens (do grego: homo = homem / sapiens= sapiência = inteligência, duplicado o termo, temos “inteligência moderna”).

Assistindo ao atentado que ocorreu na manhã de 07de abril de 2011 no bairro de Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde um jovem de 23 anos invadiu uma escola pública assassinou 11 crianças e deixou outras 18 feridas – relembrando aos brasileiros o caso de Columbine-EUA, onde os estudantes Eric Harris (18 anos) e Dylan Klebold (17 anos) entraram no Instituto Columbine com metralhadoras assassinaram 13 pessoas, feriram outras 25 e depois se mataram em 1999 – eu me pergunto, será que existe evolução humana? O homem é evoluído?

Wellington Menezes de Oliveira, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, entrou no colégio – que está em semana de comemorações internas – nessa manhã se passando por palestrante e portando uma mochila, dois revólveres – um calibre 38 e um calibre 32 –munição e um dispositivo denominado speed – que serve para recarregar armas rapidamente – invadiu as salas de aula do 1º e 2º andar e atirou contra os alunos. Um menino que ficou ferido conseguiu fugir e já na rua, avisou alguns policiais que estavam fazendo uma blitz pela região, os soldados então foram até a escola e ao encontrar Wellington começaram a trocar tiros. O rapaz foi baleado na perna ao tentar subir para o outro andar, e sem ter como se proteger, se suicidou com um tiro na cabeça.

Foi encontrada junto ao corpo de Wellington uma carta, onde ele escrevera sua trajetória de vida, ideologias, problemas pessoais e o maléfico desfecho que daria nesse dia. Na carta o rapaz dizia que era filho adotivo – órfão da mãe que morrera há três meses –, morava sozinho, pois não aguentava o padrasto, era um rapaz solitário, sem muitos amigos, que gostava de mexer no computador, seguia – supostamente – a doutrina islâmica, sofrera bullying quando era aluno do colégio, portador do vírus HIV e que por todos esses problemas cometeria tal ato para se vingar.

Caro leitor, esse que vos escreve, também é filho de criação – pego recém-nascido na maternidade – apesar de não seguir adequadamente, nasceu e cresceu no meio católico, foi batizado e comungado –, de certa forma sofria bullying quando estudante por ter sido um aluno participativo e de boas notas, gosta de tecnologia, e não por isso sai cometendo monstruosidades.
O que leva um homem a cometer tal ato? Qual a justificativa que se dá para entendermos tamanha brutalidade?

Uma pessoa que está revoltada com qualquer coisa, pega um revólver que seja, e sai atirando pra tudo quanto é lado e quando acaba as balas ou foge, ou se entrega, ou deixa uma bala pra se matar. O Wellington não, ele estava com tudo planejado, basta ver que ao entrar nas salas ele mandava as crianças se ajoelharem e virarem para a parede e mirava para matar (isso são formas de assassinatos cometidos pelos nazistas na Segunda Guerra), além da parafernália que carregava.

Como assassinou um número maior de meninas – foram 10 meninas e 1 menino – tem-se suspeita de que ele teria feito isso por alguma desilusão amorosa, ou por ter sofrido o bullying de suas ex-colegas. Mas qualquer coisa que ele tenha passado ou ainda passa, NÃO justifica a tragédia.

Tenho 22 anos, ainda não sou casado, nem pai, mas tenho cinco sobrinhos e sou professor de História nos Ensinos Fundamental II e Ensino Médio, ou seja, lido com crianças todos os dias, fico revoltado com tamanha crueldade e imagino a dor que os pais e colegas dessas pobres vítimas estão passando. Provavelmente as aulas serão suspensas, os alunos terão acompanhamento psicológico, mas infelizmente, por mais psicologia que exista no mundo, jamais se esquecerão do que viram dentro de suas salas de aula.

Bem amigo vou terminando por aqui e deixo mais uma vez minha indagação cruel... O homem é mesmo evoluído? Podem vir religiosos, cientistas, médicos, antropólogos, socialistas, filósofos e psicólogos me dizerem que acima de tudo o Wellington era HUMANO, perdoem-me todos, mas ele era tudo, menos humano nem animal – pois na natureza, o bicho mata por sobrevivência, o homem por crueldade – matar crianças então, seres que pela lógica são puros em todos os sentidos. Não, realmente o homem não é e ainda vai demorar MUITO para evoluir.

(Leandro Rodolfo Meyer – Licenciado em História pela UNIBAN, Aluno da Pós-Graduação em História, Sociedade e Cultura pela PUC-SP e Professor do Ensino Fundamental II e Médio da Rede Privada).

SERÁ QUE ELE MORREU MESMO?


      Boa noite galera. Segue artigo abaixo do amigo e professor de história Leandro Rodolfo Meyer sobre a morte de Osama Bin Laden. 
   Não esqueçam de comentar.


SERÁ QUE ELE MORREU MESMO?

Segunda-Feira, 02 de Maio de 2011 lá pelas tantas da noite, a Rede Globo de Televisão, entra ao vivo com o seu famoso plantão e aquela musiquinha tenebrosa e anuncia que os Estados Unidos da América tinham matado o nº 1 da Lista do FBI, o terrorista Osama Bin Laden. 

Em pronunciamento oficial direto da Casa Branca, o presidente Barack Obama fez o discurso onde disse que num ataque rápido, um pequeno grupo do exército americano sitiado no Paquistão invadiu a mansão em que Osama estava escondido na cidade de Abbottabad ao norte do país – após um longo período de quase um ano de coleta de informações –e depois de 40 minutos de tiroteio, ao dar voz de prisão ao terrorista, o mesmo não se rendeu e foi executado com um tiro na cabeça. Em menos de 24 horas da morte de Bin Laden, seu corpo foi jogado no mar – contrariando as leis religiosas islâmicas, que pregam que o corpo tem que descansar enterrado – para evitar que seu túmulo se tornasse lugar de peregrinação, porém foi feito um exame de DNA antes para comprovar que se tratava mesmo do terrorista.

Usāmah Bin Muhammad bin 'Awaed bin Lādin(Riade, 10 de março de 1957Abbottabad,1 de maio de 2011, supostamente) era um dos filhos do xeque Mohammed bin 'Awaed bin Lādin – um importante empresário iemenita do ramo da construção civil – que migrou para a Arábia Saudita antes da Primeira Guerra Mundial e fez da família Bin Laden a segunda mais rica do país, atrás apenas da Família Real. Osama entrou no meio político, após a invasão de Saddam Hussein – ex-presidente ditador do Iraque de 19792003, quando foi preso, julgado e enforcado pelos EUA –ao Kuwait, em 1991durante a Guerra do Golfopara anexar territórios e lucrar com o petróleo da região, fazendo com que a Família Real local aliada a Família Real arábicapedissem ajuda aos EUA, que também lutavam na guerra ao lado deles para expulsar Hussein e seus soldados do país, não sendo atendidos. Osama Bin Laden – então dono de redes petrolíferas e membro da Monarquia Saudita – se ofereceu para combater o ditador, não sendo aceito, fez com que ele se exilasse no Sudão e de lá migrasse para o Afeganistão, aliando-se aos Talibãs – grupo fundamentalista criado em 1994 que defende o Estado Teocrático, ou seja, o comando de um país pelo Governo junto com a Religião – elegendo a Monarquia Saudita e os EUA como seus inimigos número 1 e fundando a Al-Qaeda –organização fundamentalista internacional. A partir daí, Bin Laden e seu grupo extremista provocaram diversos atentados terroristas: em 1993 lançaram um carro-bomba no World Trade Center; em 1995 cometeram atentados às Embaixadas Americanas no Quênia e Tanzânia; em 2000 cometeram um atentado ao porta-aviõesamericano US COLE no Golfo Pérsico; e no dia 11 de Setembro de 2001 os atentados, lançando dois aviões sequestrados por membros da Al-Qaeda as torres gêmeas do World Trade Center – centro financeiro americano situado em Nova Iorque –e outro ao Pentágono – Departamento de Defesa dos EUA em Washington D.C. – matando aproximadamente 3.000 pessoas, entre civis e militares, mortes que só não foram maiores porque ocorreu de manhã (entre 8:46 – 10:28do horário de Brasília), quando o centro financeiro e econômico norte-americano estava abrindo. Um quarto avião sequestrado, era para ser lançado à Casa Branca, porém os passageiros se rebelaram e derrubaram o avião no meio do deserto americano.

Caro leitor, pergunto a você que está lendo este artigo, será que essa notícia não seria apenas sensacionalismo norte-americano, para garantir a reeleição de Obama, que ocorre no ano que vem? Pois pensem comigo, um país que gasta bilhões de dólares, soldados, propagandas e 10 anos de buscas atrás de um foragido internacional, chega, mata, e joga o corpo no mar, sem tirar ao menos uma foto, vídeo, ou seja, lá o que? Sim, vocês vão me indagar, fizeram DNA! Mas quem comprova que esse exame não pode ter sido arranjado pelo governo do tio Sam? Há 66 anos, em 1945 durante a Segunda Guerra, os mesmos americanos disseram que pegariam Hitler vivo ou morto, o que aconteceu? O líder nazista se suicidou e mandou queimar seu corpo junto com o da sua esposa Eva Braun.Ele preferiu se matar a ir parar nas mãos dos inimigos capitalistas. Há 48 anos, em 1963 o então presidente democrata John FitzgeraldKennedy, foi assassinado com dois tiros – um no pescoço, que também atingiu o Governador do TexasJohn Connally, e um fatal na cabeça –enquanto fazia um desfile em carro aberto pela Dealey Plazaem Dallas-Texaspara lançar sua candidatura à reeleição que ocorreria no ano seguinte, pelo fuzileiro-naval Lee Harvey Oswald de 24 anos.Os americanos queriam tirar a pele do assassino, o que aconteceu? O rapaz se suicidou dois dias depois. Então meu amigo leitor, fica a pergunta: Será que ele está mesmo morto? Talvez o homem sim, mas a ideologia não. E para finalizar, esse fato verdade ou não, só irá aumentar a ira dos terroristas da Al-Qaeda que usam da Jihad – Guerra Santa – como meio para purificar o mundo da cultura e política capitalista norte-americana.

(Leandro Rodolfo Meyer – Licenciado em História pela UNIBAN, Aluno da Pós-Graduação em História, Sociedade e Cultura pela PUC-SP e Professor do Ensino Fundamental II e Médio da Rede Privada).