MITO
s.m. (Do gr. mythos, palavra expressa, discurso, fábula, pelo b. lat. mythus.) 1. Relato ou narrativa de origem remota e significação simbólica, que tem como personagens deuses, seres sobrenaturais, fantasmas coletivos, etc. 2. Narrativa de tempos fabulosos ou heróicos; lenda.
MITOLOGIA
s.f. (Do gr. mythologia.) 1. Estudo sistemático dos mitos. 2. Conjunto de mitos de uma determinada cultura transmitido pela tradição (oral ou escrita).
Presentes em todas as culturas, os Mitos situam-se entre a Razão e a Fé, mas são considerados sagrados. Os principais tipos de mito referem-se à origem dos deuses, do mundo e ao fim das coisas. Distinguem-se mitos que contam o nascimento dos deuses (Teogonia), mitos que contam a criação do mundo (Cosmogonia), mitos que explicam o destino do homem após a morte (Escatologia) e outros. Segundo alguns especialistas, os mitos encarnam fenômenos fundamentais da vida: o Amor, a Morte, o Tempo, etc., e certos fenômenos, como as Florestas, as Tempestades, têm sempre um mesmo valor simbólico, seja qual for a civilização considerada.
MITOS TEOGÔNICOS
Em muitas mitologias, delineiam-se hierarquias de deuses, cada uma com um ou mais deuses supremos. A supremacia pode ser partilhada pelos membros de um casal, ou ser atribuída simultaneamente a dois ou três deuses distintos. Pode também variar com o tempo, segundo circunstâncias históricas, como por exemplo o domínio de um povo sobre outro ou o predomínio de determinados interesses e atividades (de tipo agrícola, guerreiro etc.). São freqüentes os relatos de deuses supremos, por vezes identificados como criadores originais do mundo, que a seguir ficam inativos e deixam o governo a cargo de outro deus ou deuses. Em tais casos, a supremacia significa perfeição, autonomia, onipotência (relativa), mas não unicidade, como é o caso nas religiões monoteístas. Na Mitologia Grega, segundo a apresentação de Homero, Zeus é o "pai dos deuses e dos homens". Essa expressão não significa que ele seja um deus criador, mas sim representante da figura do patriarca familiar. Os três grandes deuses escandinavos que ocupavam posição superior no grande templo de Uppsala eram Odin, Thor e Frey. Segundo o historiador das religiões Georges Dumézil, eles representavam as três funções da sociedade indo-européia: autoridade, poder e fecundidade. Odin era o deus da suprema autoridade cósmica, pai universal, rei dos deuses e senhor do Valhalla (a morada final dos guerreiros mortos em combate). Thor era o deus guerreiro e do trovão, correspondente ao deus védico Indra. É representado como um gigante de barba ruiva, e os mitos narram seus festejos pela vitória sobre as forças do caos. Durante o período das migrações e do florescimento dos viquingues (entre o século IX e XI da era cristã, aproximadamente), em que predominava o ideal guerreiro, a primazia sobre os deuses era atribuída a Thor. Frey era o deus da fecundidade, representado com um falo de proporções exageradas. Governava a chuva e o brilho do sol e, conseqüentemente, o crescimento das plantas e as colheitas. No panteão hinduísta, há uma entidade divina tríplice - a Trimurti - formada pelos deuses Brahma, Vishnu e Shiva, criador, conservador e destruidor do universo, respectivamente. Em certos aspectos, Brahma é um deus personificado; em outros, é um princípio impessoal e infinito. Vishnu é o deus social por excelência e destruidor daqueles que ameaçam a boa ordem, enquanto Shiva representa a selvageria indomada. O interesse pelas próprias origens motivou a formação de mitos sobre os grandes ancestrais dos povos ou fundadores da sociedade. Na Mitologia Asteca, Huitzilopochtli conduziu seu povo até o lago Texcoco, onde se fundou a Cidade do México. A inimizade entre Tezcatlipoca e Quetzalcóatl representa a luta entre o povo asteca e o tolteca, e, quando este foi derrotado, o deus dos vencidos passou a figurar em lugar preeminente do panteão asteca. A tendência a incorporar os deuses dos povos conquistados é comum entre os povos politeístas.
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